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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Cientistas encontram anticorpo capaz de neutralizar o HIV em 98% dos casos


Um anticorpo, basicamente, é uma proteína produzida pelo sistema imunológico em resposta a agentes patogênicos potencialmente nocivos, como bactérias e vírus. (Foto: Divulgação)


Pesquisadores do National Institutes of Health (NIH), dos EUA, disseram ter descoberto um anticorpo produzido por um paciente soropositivo que neutraliza 98% de todas as estirpes de HIV testadas, incluindo a maioria resistente a outros anticorpos de mesma classe.

Como o vírus é capaz de responder rapidamente às defesas imunitárias do organismo, encontrar um anticorpo que possa bloquear uma vasta gama de estirpes se tornou uma atividade muito difícil. No entanto, com a nova descoberta, cientistas poderão começar a formar a base para uma possível vacina contra o vírus, segundo informações da Science Alert.

O anticorpo, chamado N6, conseguiu manter sua capacidade de reconhecer o HIV até mesmo quando o vírus se transformou e se separou dele. Ele também foi tido como 10 vezes mais potente do que VRC01 – anticorpo de mesma classe que o N6 que havia passado para ensaios clínicos de fase II em pacientes humanos, após proteger macacos contra o HIV por um período de quase seis meses.

Segundo Anthony S. Fauci, do National Institute of Allergy and Infectious Diseases, dos EUA, “a descoberta e caracterização do anticorpo com excepcional amplitude e potência contra o vírus fornece um importante avanço para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento do HIV”.

Um anticorpo, basicamente, é uma proteína produzida pelo sistema imunológico em resposta a agentes patogênicos potencialmente nocivos, como bactérias e vírus. Ele é responsável pela identificação e destruição dos patógenos, e o faz se unindo a eles para neutralizar seus efeitos biológicos por conta própria, ou pela sinalização aos glóbulos brancos – que aparecerão para destruí-los.

Na recente pesquisa os cientistas expuseram o N6 a 181 linhagens diferentes de HIV, conseguindo destruir 98% delas, incluindo 16 das 20 estirpes resistentes a outros anticorpos de mesma classe. Ele foi considerado um passo significativo, uma vez que o anticorpo estudado anteriormente, VRC01, impediu que 90% das cepas do vírus infectassem células humanas.

O anticorpo N6 ainda foi considerado ter extraordinária amplitude e potência. “Dos anticorpos considerados para o experimento clínico, existem os que são extremamente amplos, porém moderados em potência (como o 10E8 ou VRC01), e os extremamente potentes, mas menos amplos (como o PGT121 ou PGDM1400)”.

Os pesquisadores acompanharam a evolução de N6 ao longo do tempo para ver como ele respondia às mudanças de forma do HIV, e descobriram que ele confiava menos em se ligar às partes do vírus que estavam mais propensas a mudar – conhecidas como região V5 – e o fazia em partes que se transformavam menos em cada estirpe.

Assim, ao se anexar no vírus, o anticorpo foi capaz de impedir que ele se ligasse a outras células imunes do hospedeiro e as atacasse – o que torna as pessoas soropositivas mais vulneráveis à AIDS. Também foi verificado que mutações do HIV mais resistentes ao N6 raramente apareciam, o que sugere que o vírus não pode responder a esse anticorpo tão rapidamente quanto aos outros estudados.

Contudo, há de se considerar que, até agora, os resultados foram observados apenas em laboratório e, por isso, até os vermos replicados em ensaios com humanos, teremos de permanecer cautelosamente otimistas.
Jornal da Ciência 

Presos voltam a se rebelar e entram em confronto em Alcaçuz


Armados com barras de ferro e paus, detentos entram em confronto em Alcaçuz (Foto: Reprodução/G1)

No último fim de semana uma rebelião de mais de 14 horas em Alcaçuz deixou 26 mortos. Cinco presos identificados como chefes da facção que comandou o massacre do fim de semana foram retirados de Alcaçuz para prestar depoimento e serão transferidos para outros presídios. Nesta terça (17) o governador Robinson Faria disse, em Brasília, que a situação estava sob controle.

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa do Rio Grande do Norte (Sesed) tem mantido contato com líderes de facções criminosas para tentar retomar nesta semana o controle da penitenciária estadual de Alcaçuz, na Grande Natal. A negociação está sendo feita com intregrantes do PCC, uma das facções que domina o presídio.

Desde a última terça-feira (17) os detentos montaram um verdadeiro cenário de guerra na unidade. As duas facções estão divididas no espaço que liga os pavilhões. Do lado esquerdo, perto do pavilhão 4, estão os integrantes do Sindicato do RN e, do lado direito, os do PCC. Armados com barras de ferro, paus e pedras, eles montaram barricadas com grades, chapas de ferro dos portões, armários e colchões.


Inaugurada em 1998 com foco na "humanização", a penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, está sem grades nas celas desde uma rebelião em março de 2015. Resultado: os presos circulam livremente e os agentes penitenciários se limitam a ficar próximos à portaria.

O governo do Rio Grande do Norte não descarta novos confrontos entre as duas facções que estão na Penitenciária de Alcaçuz. No final de semana, 26 pessoas morreram durante uma rebelião no local.

"É possível confronto? É possível confronto porque temos 1.500 presos lá dentro e a polícia vem fazendo a separação desses presos", disse nesta terça-feira (17) Wallber Virgolino, secretário da Justiça e Cidadania (Sejuc) do Rio Grande do Norte. O complexo, no município de Nísia Floresta, na Grande Natal, tem capacidade para 620 presos.

Confronto

Os integrantes do Sindicato do RN, a mais numerosa organização criminosa do estado, estão em confronto com o Primeiro Comando da Capital (PCC), que domina um dos cinco pavilhões de Alcaçuz. Detentos das duas facções rivais estão soltos dentro da penitenciária.

O Rio Grande do Norte foi o terceiro estado a registrar matanças em presídios deste ano no país. Na virada do ano, 56 presos morreram no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. Outros oito detentos foram mortos nos dias seguintes no Amazonas: 4 na Unidade Prisional Puraquequara (UPP) e 4 na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoal. No dia 6, 33 foram mortos na Penitenciária Agrícola Monte Cristo (Pamc), em Roraima.

O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, classifica o massacre em Alcaçuz como "retaliação" ao que ocorreu em Manaus, onde presos supostamente filiados ao PCC foram mortos por integrantes de uma outra facção do Norte do país.Os presos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, voltaram a subir nos telhados dos pavilhões quinto dia consecutivo e entraram em confronto. A Polícia Militar está na área externa do presídio. Agentes penitenciários precisaram atirar balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Os presos arremessam pedras e têm barras de ferro.

O repórter Ítalo Di Lucena, da Inter TV Cabugi, está na área externa de Alcaçuz. Ele informa que há fumaça na parte interna, barulhos de tiros e de quebra-quebra no local. Por volta das 10h o helicóptero Potiguar I chegou ao local para auxiliar na operação.


“Até hoje, nunca tinha havido um confronto dentro dos presídios entre PCC e Sindicato do Crime RN. Virou uma guerra. Começou no Amazonas, isso é uma retaliação. Essa briga não é do RN, é uma retaliação do que aconteceu no Amazonas, é uma vingança ao caso do Amazonas e aconteceu no meu estado, infelizmente”, lamentou o governador.

 Na terça-feira (17), o governo federal anunciou que o presidente Michel Temer decidiu colocar as Forças Armadas à disposição dos governadores para operações específicas em presídios. O anúncio foi feito após reunião de Temer com representantes de órgãos de inteligência federal e ministros para discutir ações contra a violência nos presídios brasileiros e contra o crime organizado. Ainda nesta quarta (18), o governador Robinson Faria formalizou o pedido de auxílio.

Segundo o governo federal, as Forças Armadas irão entrar nos presídios para fazer inspeções de rotina e buscar materiais proibidos. A ida de militares para os estados dependerá do aval dos governadores.

“Haverá inspeções rotineiras dos presídios com vistas à detecção e à apreensão de materiais proibidos naquelas instalações. Essa operação visa a restaurar a normalidade e os padrões básicos de segurança dos estabelecimentos carcerários brasileiros”, disse o porta-voz da presidência, Alexandre Parola.

Rebelião
Segundo o secretário de Justiça e Cidadania (Sejuc), Wallber Virgolino, a rebelião em Alcaçuz começou na tarde do sábado (13) logo após o horário de visita. O secretário disse que os presos do pavilhão 5, que abriga integrantes do PCC, usando armas brancas, quebraram parte de um muro e invadiram o pavilhão 4, onde há presos que integram o Sindicato RN.

Na segunda-feira, os presos amanheceram em cima dos telhados dos pavilhões com paus, pedras e facas nas mãos, além de bandeiras com as siglas de facções criminosas. A Sejuc nega que a rebelião tenha sido retomada. Por volta das 11h50 a Polícia Militar entrou na área dos pavilhões e os detentos desceram dos telhados.

Na terça (17) os presos voltaram a se rebelar. A Polícia Militar usou bombas de efeito moral e armas com munição não letal para conter os detentos. Eles seguem soltos dentro da unidade prisional, mas não há confronto entre as duas facções.

Além dos 26 mortos, o governo do estado confirmou que existe a suspeita de que haja mais corpos dentro da unidade e que o Corpo de Bombeiros fará a busca dentro da fossa. Oito corpos haviam sido identificados até a última atualização desta reportagem.


G1

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