As revelações de setenta executivos da Odebrecht prometem implodir o mundo político — e até o juiz Sergio Moro faz votos de que “o Brasil sobreviva”.
VEJA desta semana mostra as dimensões superlativas e o potencial explosivo da delação premiada de 75 executivos da empreiteira Odebrecht, incluindo seu ex-presidente Marcelo Odebrecht. Distribuído em mais de 300 anexos – 300 novas histórias sobre a corrupção no Brasil –, o acordo a ser assinado com o Ministério Público envolve os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, o atual, Michel Temer, tucanos de alta plumagem, como José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin, peemedebistas fortemente ligados a Temer, como o senador Romero Jucá e o ministro Geddel Vieira Lima, e os dois principais nomes do PMDB no Rio de Janeiro: o prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral. As revelações na delação da empreiteira, que faturou 125 bilhões de reais em 2015 e reuniu 400 advogados para costurar o acordo, levam procuradores da força-tarefa da Lava Jato a constatar que “se os executivos comprovarem tudo o que dizem, a política será definida como a.O. e d.O. — antes e depois da Odebrecht”. O sempre comedido juiz federal Sergio Moro também dá dimensão da turbulência que se aproxima ao comentar: “Espero que o Brasil sobreviva”.
Fonte: Veja
ESCLARECIMENTOS QUANTO A NOVA GREVE DOS POLICIAIS CIVIS DO CEARÁ
Esta é a segunda vez que a Polícia Civil do Ceará entra em greve nos últimos dois meses. Em setembro, os servidores pararam as atividades reivindicando: melhoria salarial (o Ceará possui o pior salário do Nordeste), aumento do efetivo e proibição dos desvios de funções. O sindicato dos policiais civis - SINPOL- afirma que é preciso evitar que os policiais civis deixem de investigar os crimes para fazer a custódia de presos recolhidos em delegacias.
"Nós fomos chamados a uma audiência de conciliação, mas os compromissos como reconhecimento de policial civil com nível superior e o fim das carceragens nas delegacias não foram atendidos. A categoria não aceita mais trabalhar dessa forma, a gente fez todos os esforços para não chegar até aqui", afirmou o presidente do Sinpol, Francisco Lucas.
A CADA 9 MINUTOS UMA PESSOA É ASSASSINADA NO BRASIL!
Dados mostram que a polícia brasileira é a que mais mata e mais morre. Morreu mais gente no Brasil do que em um país em guerra, por exemplo.
Novos números da violência mostram que uma pessoa é morta a cada nove minutos no Brasil. E a polícia brasileira, que deveria proteger a população, é a que mais mata e a que mais morre no mundo. É assustador pensar que morreu mais gente no Brasil do que em um país em guerra.
Cinquenta e oito mil brasileiros foram mortos no ano passado. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra um raio-x dessa tragédia por estado e ainda como a polícia engrossa as estatísticas.
Vinte anos, pai de um bebê, filho querido de dona Neusa Peres.
“Ele nunca teve, ele nunca se envolveu com nada errado, sempre foi jovem trabalhador, sonhador, batalhador, caseiro, família e nunca me deu trabalho”, diz Neusa Peres, mãe de Anderson.
Mas em uma noite de 2015, Anderson não voltou do trabalho. Dona Neusa encontrou o corpo do filho no IML. Estava em sua moto quando foi morto com um tiro nas costas, disparado por uma policial à paisana, que disse ter sido ameaçada de roubo por dois jovens pouco antes de encontrar Anderson e atirar.
“Eu acho que é despreparo dela, ela se confundiu. Se ela tinha sido abordada por dois jovens, cadê os dois jovens?”, diz dona Neusa
E assim, entre dor e saudade, o filho de dona Neusa se tornou parte de uma tragédia brasileira: são 58.383 vítimas de mortes violentas em um ano.
Apesar do recuo de 1,2% em relação a 2014, os dados do 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública são alarmantes. E a polícia, que deveria ser parte da solução, está engrossando as estatísticas. As informações levantadas mostram que temos os policiais que mais matam e que mais morrem no mundo. Por dia, são nove mortos pelas armas da polícia e pelo menos um policial morto.
“O brasileiro e o Estado, pelo qual a gente pode cobrar medidas, e quando eu falo Estado são todos os poderes e todas as esferas, nós temos um estado leniente com a morte e que valoriza muito pouco a vida”, lamenta o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima
Proporcionalmente, o Amapá é o estado com maior letalidade policial. No número total de mortes violentas, Sergipe superou Alagoas e se tornou o estado com o maior número de mortes por 100 mil habitantes: 57,3.
"A gente sai de casa e não sabe se volta. A gente não suporta mais. E outra coisa, não sabe a quem recorrer", diz o aposentado Valtemir Jesus de Oliveira.
No início da semana, as imagens do circuito interno mostraram o assassinato do dono de um restaurante. Ele nem reagiu e foi morto com dois disparos.
Em julho um delegado de Aracaju foi assassinado com três disparos quando passeava com o cachorro. As imagens de câmeras de segurança mostram o momento do crime.
Nem em um país em guerra acontecem tantas mortes. Nos últimos quatro anos, na Síria, morreram mais de 256 mil pessoas. O Brasil, nesse período, superou esse número. Foram quase 279 mil mortes violentas.
Só programas consistentes são capazes de diminuir esse banho de sangue. O Anuário mostra que isso está acontecendo em Alagoas, que teve redução de 20,8% nos assassinatos. O mesmo se deu em outros estados que investiram na pacificação.
“Estados que aliam aproximação com a comunidade, uso intensivo de informações e integração de medidas entre diferentes instâncias e instituições conseguem resolver o problema de uma forma mais virtuosa do que aqueles que simplesmente vão tratando o varejo da criminalidade”, afirma Renato Sérgi de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Quem foi vítima da cruel violência brasileira sente que a mudança urgente está demorando demais.
“A gente passa a não acreditar na Justiça, na polícia e os jovens sendo assassinados, isso é que dói, porque a família morre junto, você procura se erguer, mas é difícil”, diz dona Neusa.
A Polícia Civil disse que o caso de Anderson, filho de dona Neusa, foi registrado como roubo tentado e morte decorrente de oposição a intervenção policial e que o inquérito continua em andamento.
A Secretaria de Segurança Pública disse, ainda, que vem desenvolvendo ações para reduzir a letalidade policial.
O Rio de Janeiro registrou o maior número de mortes de policiais no ano passado – 98 policiais morreram. Esse número vem seguido por São Paulo, com 60 policiais mortos.
Com informações do G1 Bom Dia Brasil
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