Foto: Joan Costa / CSIC Comunicación
Desenvolvida na Espanha, biossensor é chave para melhorar eficácia dos antirretrovirais
O Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) da Espanha desenvolveu um biossensor capaz de detectar o HIV no organismo de uma pessoa apenas uma semana depois da infecção, afirmaram nesta quinta-feira pesquisadores do instituto.
Atualmente, é preciso esperar cerca de 30 dias - período conhecido como "janela imunológica" - para que a presença do vírus seja detectável em um exame. A nova tecnologia antecipa o diagnóstico, possibilitando o início do tratamento antirretroviral, o que é essencial para impedir a disseminação do HIV para outras pessoas.
Os experimentos realizados com soro sanguíneo (líquido do sangue livre dos fatores de coagulação) permitiram detectar uma proteína presente no Vírus da Imunodeficiência Humana do tipo 1 (HIV-1), o antígeno p24, através de um dispositivo particular.
Este dispositivo permite que o p24 fique preso "entre as nanopartículas de ouro e as estruturas micromecânicas de silício", disse à AFP o pesquisador Javier Tamayo, do Instituto de Microeletrônica de Madri, indicando que os sinais mecânicos e ópticos que são produzidos permitem detectar o antígeno.
A nova tecnologia é capaz de detectar o antígeno em "concentrações 100.000 vezes inferiores" às dos sistemas atuais, afirmou no comunicado a brasileira Piscila Kosaka, uma das principais envolvidas no estudo. "Isto reduz a fase indetectável depois da infecção a apenas uma semana", acrescentou ela.
Segundo a instituição, a detecção precoce é um fator-chave para melhorar a eficácia dos antirretrovirais e para prevenir a propagação da doença.
Com os testes atuais de quarta geração, a detecção do antígeno p24 pode ser feita apenas após três ou quatro semanas a partir da infecção, segundo o CSIC.
“O novo dispositivo permitirá obter os resultados clínicos em menos de cinco horas, no mesmo dia do exame”, afirmou Tamayo.
O biossensor "usa estruturas que são fabricadas com tecnologias bem estabelecidas em microeletrônica, o que permite sua produção em grande escala e a baixo custo", garantiu.
Dois milhões e meio de pessoas são infectadas por ano no mundo pelo HIV, responsável pela Aids. O HIV-1 é o tipo mais comum e agressivo do vírus.
Em 2015, 36,7 milhões de pessoas viviam com HIV no mundo.
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário