Quanto mais influente era o cargo pleiteado por um candidato, maior era a aposta da Odebrecht em sua eleição.
Na disputa de 2014, um aspirante a deputado estadual podia receber em média, R$ 30 mil da empreiteira. A deputado federal, R$ 50 mil. Candidatos a governador ganhavam entre R$ 100 mil e R$ 200 mil. Senadores, de R$ 80 a R$ 100 mil.
"Para [candidatos a] presidente, logicamente não tinha esse padrão", contou Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais do grupo, em sua delação a investigadores da Lava Jato. As quantias são uma estimativa do executivo para aquele ano -de memória, ele disse que não saberia cravar valores.
Doações que desviassem muito da média da tabela eram indício do interesse excepcional da Odebrecht no político, afirmou o delator: "Ou era um deputado estratégico ou tinha alguma contrapartida já bem explícita".
Folha de S.Paulo
Presidenciáveis fora da "lista de Fachin" ensaiam discurso ético para 2018
Os três presidenciáveis que ficaram de fora da "lista de Fachin" já ensaiam um discurso ético para as eleições de 2018. Ciro Gomes (PDT-CE), Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e Marina Silva (Rede-AC) avaliam que a lista de pessoas citadas não surpreende e criticam os investigados pela Lava Jato.
A ex-ministra do Meio Ambiente no governo Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou para atacar a gestão Michel Temer, o Congresso Nacional e o PT, para o qual, segundo ela, "o poder de partido falou mais alto do que o poder de nação".
Marina ressaltou que "não é o momento para discutir nomes de quem está ou não na lista, mas, sim, de pensar como o Brasil vai fazer essa travessia para uma sociedade melhor, de como mudar um Congresso que está lá graças ao caixa 2 e à corrupção".
A ex-ministra disse ainda que "a eleição de 2014 foi uma fraude por causa do abuso de poder econômico". Questionada sobre como fazer uma campanha sem se relacionar com a corrupção, ela afirmou que as campanhas podem ser diferenciadas e não precisam ser do jeito que estão. "Esse modelo de política não funciona. O poder concentra o poder nele mesmo", disse.
Já Bolsonaro afirmou que esperava os nomes que estão na lista. Disse que, "quando o Poder Executivo vai ao Congresso, é para comprar voto". Quanto às eleições de 2018, o deputado afirmou que, "se o povo reeleger o atual Congresso, ele merece o poder que tem".
O deputado afirmou que, se eleito, não vai lotear o governo em troca de governabilidade. Perguntado se isso não traria caos ao Planalto, Bolsonaro disse que "caos é o atual governo".
Risco
Ex-ministro de Itamar Franco e também de Lula, Ciro Gomes atacou a generalização que a divulgação dos investigados no STF causa na sociedade. "A pena política não pode ser a mesma de alguém que recebeu R$ 50 mil com recibo e de outro que vendeu uma medida provisória", afirmou. Segundo ele, "o pior dos mundos é incitar a opinião pública, o que coloca em risco a democracia".
O pré-candidato do PDT ainda criticou os outros dois que estão fora da lista de Fachin. "Olha o moralismo da Marina, do Bolsonaro!" Quando questionado quem seria seu maior adversário em uma corrida presidencial, o cearense respondeu: "Se o debate for inteligente sobre qual a solução do Brasil, eu reino!".
As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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