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sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Em possível caso raro de reação adversa, aposentada morre após se vacinar contra febre amarela


A professora aposentada Mônika Oelkerf, de 76 anos, saiu de sua casa, em Ibiúna, no interior de São Paulo, no dia 8 de janeiro para se vacinar contra febre amarela, mas morreu oito dias depois em um caso extremamente raro de reação adversa à imunização.

Mônika começou a sentir-se mal no dia seguinte à visita ao posto de saúde Dr. Darcy Bandeira. Com muito cansaço, febre, fraqueza e falta de apetite, ela foi levada a um pronto-socorro, onde familiares afirmam que ela apenas recebeu soro.

Seu quadro não melhorou, e ela foi para a cidade de São Paulo, a 75 km de Ibiúna, para ser examinada no Hospital do Servidor.

"No hospital, remontaram seu histórico clínico, pediram exames e diagnosticaram uma reação muito forte à vacina, dizendo que o corpo dela estava manifestando sintomas da doença", diz sua sobrinha-neta, Bianca Wiederin, de 28 anos, que acompanhou Mônika em sua internação em São Paulo.

"Como o funcionamento do fígado e dos rins foi comprometido, ela foi para a UTI, onde uma equipe de infectologistas assumiu e fez o mesmo diagnóstico." Internada no dia 14, Mônika teve de ser entubada no dia seguinte e morreu no dia 16.

No documento do hospital que acompanhou o corpo, enviado ao Serviço de Verificação de Óbito, está escrito na última linha: causa possível - febre amarela, reação vacinal.

O laudo da morte da aposentada lista, entre os diagnósticos, hemorragia pulmonar, hepatite aguda, icterícia febril e febre hemorrágica, sintomas da doença viscerotrópica aguda (DVA), uma reação à vacina em que o paciente desenvolve um quadro semelhante ao da doença até dez dias após ser imunizado. Além disso, ela sofria de obesidade, arteriosclerose, diabetes e hipertensão.

Estima-se que ocorra um caso de DVA para cada 400 mil doses aplicadas, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Segurança e recomendações

A vacina contra febre amarela é considerada altamente segura e, atualmente, é recomendada para quem tem entre nove meses - ou seis, em áreas consideradas de alto risco - e 59 anos de idade. Acima dessa faixa etária, o paciente deve se consultar com um médico para avaliar o estado do sistema imunológico e se o risco de contágio é alto ou não antes de se vacinar.

Segundo a Fiocruz, o risco de reação adversa é ainda maior para quem tem acima de 70 anos, como era o caso de Mônika. Diabéticos e hipertensos como a aposentada não têm contraindicação para a vacina desde que estejam com os níveis de glicemia e pressão controlados.

"Para mim, por questões de saúde e da idade, está claro que era contraindicado ela se vacinar", diz Bianca. "Mas uma senhora, longe da família, foi tomar. O posto não deveria ter vacinado sem entender o histórico dela."

À BBC Brasil , a coordenadora de vigilância epidemiológica de Ibiúna, Elisângela Cardoso Pires, explicou ser "impossível" que a aposentada não tenha passado por uma avaliação ou triagem no posto de saúde.

"Fazemos uma reunião uma vez por semana com enfermeiros e auxiliares de enfermagem, que prestam o atendimento nos locais de vacinação, para reforçar os critérios", afirmou Pires.

A coordenadora disse ainda que Ibiúna foi considerada uma área de risco pelo Grupo de Vigilância Epidemiológica de Sorocaba [ligado à Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo]. "A região é cercada por mata e tem muitos cursos d'água. Além disso, tivemos cinco casos confirmados de macacos mortos com febre amarela em locais distantes entre si."

Segundo Pires, isso significa que a aplicação da vacina em idosos dispensa a apresentação de uma carta de avaliação médica atestando o bom estado de saúde do paciente, informação confirmada pelo governo estadual. Logo, bastaria uma avaliação de saúde no momento da imunização e no próprio local de vacinação por um enfermeiro.

A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo disse à BBC Brasil desconhecer o caso e informou que cabe aos municípios investigarem os casos de morte pela doença.

"De 2017 até o momento, houve 40 casos autóctones de febre amarela silvestre confirmados no Estado. Vinte e um deles evoluíram para óbitos. Não há casos de febre amarela urbana no Brasil desde 1942", disse em um comunicado enviado à BBC Brasil.

Fonte: Portal Terra

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