O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, utilizou um interlocutor político para fazer uma ameaça e condicionar a realização das eleições de 2022 ao voto impresso. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o general fez chegar ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), uma mensagem alegando que o pleito não acontece sem o voto impresso e auditável.
O recado do general foi feito no dia 8 de julho. Na ocasião, ele estava acompanhado dos chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Segundo o jornal, Lira viu a situação com "muita preocupação" e procurou Bolsonaro após considerar o aviso de Braga Netto como uma ameaça de golpe.
O chefe do Executivo ouviu do presidente da Câmara que ele apoiaria o governo até o final, mesmo com uma eventual derrota nas urnas, mas que não apoiaria nenhum ato de ruptura institucional. Bolsonaro tentou acalmar Lira e afirmou que nunca defendeu golpe. O presidente voltou a repetir o discurso que respeita "as quatro linhas da Constituição".
Ainda de acordo com relatos do Estadão, o clima é de tensão entre os que souberam da ameaça. O projeto de voto impresso está em tramitação em uma Comissão Especial da Câmara.
O recado dos militares e a reação de Lira são de conhecimento de um restrito grupo da política e do Judiciário com quem a reportagem jornalística conversou nas últimas duas semanas. Pela delicadeza do tema, todos pediram para manter os relatos sob sigilo. Desde segunda-feira, o jornal afirma que vem procurando o Ministério da Defesa, mas não obteve respostas para os questionamentos.
“A conversa que eu soube é que o ministro da Defesa disse a um dirigente de partido: ‘A quem interessar, diga que, se não tiver eleição auditável, não terá eleição’. Teve um momento de muita tensão. Não foi brincadeira, não”, descreveu uma das fontes anônimas.
Um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) a par dos diálogos avaliou que o comando militar procurou repetir agora o episódio protagonizado pelo então comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, que, em post com 239 caracteres publicado no Twitter no dia 3 de abril de 2018, tentou constranger a Corte para que não fosse concedido um habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Fonte: O Povo
Vacinas da Pfizer e Oxford funcionam contra cepa Delta, confirma estudo
Um estudo publicado nesta quarta-feira, 21, na revista científica New Englad Journal of Medicine, uma das mais importantes do mundo, confirmou que as vacinas contra Covid-19 da Pfizer-BioNTech e de Oxford-AstraZeneca oferecem alta proteção contra a variante Delta, identificada pela primeira vez na Índia. No entanto, apenas após a aplicação da segunda dose.
Os resultados mostraram que após uma dose, a eficácia estimada da vacina da Pfizer contra casos sintomáticos de Covid-19 causados pela variante delta foi de aproximadamente 36%. Para a vacina de Oxford, a taxa de proteção foi de 30%. Após duas doses, esses índices subiram para 88% para a vacina BNT162b2 (Pfizer) e 67% para a ChAdOx1 nCoV-19 (Oxford).
Para fator de comparação, a eficácia de uma dose destas vacinas contra a variante Alfa, identificada pela primeira vez no Reino Unido e que também foi considerada mais contagiosa quando surgiu, foi cerca de 48,7%. Após duas doses da Pfizer essa taxa subiu para 93,7% e para 74,5% após duas injeções da AstraZeneca.
“Apenas diferenças modestas na eficácia das vacinas foram observadas com a variante delta em comparação com a variante alfa após o recebimento de duas doses. Diferenças na eficácia absoluta das vacinas foram mais marcantes após o recebimento do primeiro dose.”, concluem os autores.
O número de casos e os períodos de acompanhamento não foram suficientes para estimar a eficácia da vacina contra casos graves, incluindo hospitalização e óbito. Mas estudos feitos em Israel, no Reino Unido e nos Estados Unidos apontam para alta proteção contra esses desfechos. Estes países enfrentam um aumento exponencial no número de novos diagnósticos de infecção pelo novo coronavírus, em especial entre pessoas que não estão vacinadas ou não completaram o esquema de vacinação, pela disseminação da variante delta. Por outro lado, esse aumento não foi visto nas hospitalizações e mortes.
Os autores do novo estudo admitem que o estudo tem limitações e devem ser interpretados com cautela, incluindo o fato dos resultados serem observacionais. Mesmo assim, eles afirmam que “a descoberta dá suporte a esforços para maximizar a aplicação de duas doses das vacinas entre as populações vulneráveis”.
Vacinação no Brasil
A publicação destas evidências, associadas à preocupação com a chegada da variante delta ao Brasil fez com que muitos estados e cidades decidissem antecipar a aplicação da segunda dose das vacinas de Oxford-AstraZeneca e da Pfizer-BioNTech, em vez de esperar as 12 semanas recomendadas pelo Ministério da Saúde. No entanto, a pasta, especialistas e entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Imunizações e a Sociedade Brasileira de Pediatria, recomendam a manutenção da orientação do governo. A justificativa é que, neste momento, é mais importante avançar na quantidade de pessoas imunizadas, mesmo que parcialmente, em vez de completar o esquema de imunização de um pequeno número da população.
Além disso, especialistas alegam que existe a possibilidade de a variante delta nem conseguir se espalhar pelo Brasil, como aconteceu em outros países, devido à alta disseminação da variante Gamma, identificada em Manaus, que também é mais transmissível.
Até esta quarta-feira, 21, 43,8% da população brasileira está parcialmente imunizada com uma dose. Destas, 16,9% já completaram o esquema com duas doses ou com a dose única da Janssen.
Fonte: Veja
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