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terça-feira, 15 de agosto de 2017

Mais de 70 mil pessoas têm Bolsa Família cancelado

Somente em Fortaleza, houve corte de 12.252 beneficiários.
No Ceará mais de 41 mil famílias foram cortadas do programa Bolsa Família do Governo Federal e isso poderá causar impactos sociais significativos no estado. Somente no mês passado, um total de 41.691 famílias tiveram o benefício cancelado. A queda contínua do total de famílias cearenses atendidas pelo programa acontece desde março, somando quase 70 mil benefícios.

Hoje existem 965.342 famílias que ainda participam do programa, é o menor número da década, e pela primeira vez no período está abaixo de um milhão.

Fortaleza registrou o maior corte, 12.252 famílias, seguida por Caucaia 2.260, Maracanaú 926 e Maranguape 722. Mas todos os 184 municípios tiveram redução. O consultor econômico da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), explica que o número de cortes aqui foi grande por que o estado tinha mais inscritos no programa do que outros. Mas a média é relativamente a mesma nacional.

Os cortes representam R$ 6 milhões a menos na economia do estado por mês. Valor que não é tão significativo se comparado ao que é arrecado com os impostos, mas que tem um grande impacto social já que a maioria das prefeituras não tem políticas públicas para amparar essas famílias.

Fonte: Cnews

Rejeitado até na igreja, homem tem corpo velado em praça pública



O Aurélio Rodrigues tinha só 54 anos, mas parecia ter bem mais que 60, resultado de um corpo bombardeado pelo tempo e pelos anos de trabalho na enxada. Era bem conhecido no Bairro Marabaixo, Zona Oeste da capital, onde capinava quintais por R$ 30 ou R$ 50. Depois de quatro meses de peregrinação em unidades da rede pública, ele nunca descobriu o que tinha de verdade, mas as dores eram grandes. A jornada sofrida terminou dentro de um caixão na praça do bairro na manhã desta quarta-feira, 1º, depois de ter sido rejeitado até pela paróquia da comunidade onde vivia.

O capinador era natural do Maranhão, e vivia sozinho em um barraco de madeira de 4 metros de largura por 4 metros de comprimento no Marabaixo I. Tinha um casal de filhos. A moça mora em Laranjal do Jari, no Sul do Estado, e os vizinhos contam que ela é extremamente pobre. O filho mais velho tem família, também é braçal, e mora em outro bairro.

Quando começou a sentir dores, há cerca de quatro meses, teve a ajuda dos vizinhos que iniciaram uma peregrinação pela rede pública. Desconfiavam que era um problema na próstata.“Sempre que íamos ao Hospital de Emergência aplicavam remédios pra dor, mas nunca faziam os exames nele porque diziam que não tinha como fazer. Não tinha equipamentos”, conta o amigo e vizinho Josias Souza, que é funcionário público.

Amigos queriam fazer o velório na pavilhão da paróquia do bairro, mas foram impedidos

Depois dos dois primeiros meses, seu Aurélio conseguiu fazer alguns exames no Hospital de Clínicas Alberto Lima (HCAL). A suspeita era de um problema renal, e seria necessária uma cirurgia, segundo os amigos.

“Os exames não deram em nada, só que os médicos achavam que era problema renal. Depois de muita luta conseguimos uma vaga pra ele no Hospital de Santana”, comenta o aposentado Luiz Claudinaldo, o “Gato”, da Associação de Esportes do Marabaixo I, que também acompanhou o sofrimento.
Seu Aurélio morreu na manhã de terça-feira, esquecido pelo poder público, mas não pelos amigos. Ele estava internado no Hospital de Santana à espera da cirurgia. Um médico informou que foi infecção generalizada.

Depois de tanto sofrimento, uma última humilhação ainda estava por vir: os amigos foram até a paróquia de Santa Terezinha, no Marabaixo I, pedir ao padre que o velório fosse realizado no patio do local.
“Mas o padre disse que ia atrapalhar a missa e o terço dos homens. Faltou boa vontade”, queixa-se Gato.

Os amigos não tiveram outra escolha se não levar o corpo para a praça do bairro, o local mais aberto que poderiam arrumar e onde ninguém se oporia. Foi a última situação de constrangimento na sofrida jornada de seu Aurélio.Sofrido na vida e depois dela, o velhinho que capinava quintais finalmente descansa no Cemitério São Francisco de Assis, na BR-210.

Fonte: Revista NP

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