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quinta-feira, 15 de março de 2018

'Estou pronto para ser preso', diz Lula em livro assinado por ele

'Estou pronto para ser preso', diz Lula em livro
Em uma das três entrevistas que deram origem ao livro "A Verdade Vencerá - o povo sabe por que me condenam", o jornalista Juca Kfouri perguntou ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a possibilidade de se exilar em uma embaixada amiga em vez de aceitar passivamente a prisão. Lula admite estar pronto para enfrentar a prisão e nega a possibilidade de fuga: "Olha, conheço companheiros que ficaram 15 anos exilados e não tiveram voz aqui dentro, no Brasil".

No livro, que é assinado pelo próprio Lula e será lançado nesta sexta-feira (16), em São Paulo, o ex-presidente, condenado a 12 anos e 1 mês de prisão em regime fechado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SO), admite pela primeira vez estar pronto para enfrentar a cadeia.

Além disso, Lula adianta o discurso político que será usado para seus seguidores, o do preso político, injustiçado, que um dia será absolvido pela história. "O preço que vai ser pago historicamente é a mentira contada agora", diz Lula. "Eles querem prender? Prendam, paguem o preço", afirma.

Kfouri volta ao assunto com mais ênfase. "O senhor está cogitando a hipótese de ser preso?" Lula afirma: "Estou. O que não estou é preparado para a resistência armada, nem tenho mais idade. Como sou um democrata, nem aprender a atirar eu aprendi".

Na sequência a editora Ivana Jinkings indaga: "Como é que se prepara o espírito para isso?" "Eu não preparo o espírito", diz Lula. "Eu sou um homem de espírito leve. Tudo isso faz parte da história (...) Há duas instâncias superiores a que a gente pode recorrer e vamos recorrer. Eles vão tomar a decisão e estou pronto para ser preso. É uma decisão deles."

O livro da editora Boitempo é fruto de três entrevistas feitas por Kfouri, Ivana, Gilberto Maringoni e Maria Inês Nassif em fevereiro deste ano, depois, portanto, de o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) ter confirmado a condenação do petista. Além disso, traz textos de Luis Fernando Veríssimo, Luiz Felipe de Alencastro, Eric Nepomuceno e outros.

Dilma

Lula diz que faltou empenho político da presidente cassada Dilma Rousseff e sua equipe para evitar o impeachment. "Em todas as conversas que eu mantinha, as pessoas se queixavam 100% dele (Aloizio Mercadante) e 101% da Dilma. Cheguei a ponto de dizer para a Dilma: 'Olha, você vai passar para a história como a única presidente que nem os ministros defenderam'."

Além disso, admite que o presidente Michel Temer, chamado por ele de "traidor", soube resistir melhor do que a petista, conta histórias de eleições passadas - como o dia em que Leonel Brizola, já no segundo turno da disputa de 1989, sugeriu que ambos renunciassem em favor do tucano Mario Covas -, e evita fazer a defesa pública do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

Lula revela ainda que João Santana tentou, primeiro, fazer de Dilma uma "candidata-tampão" e, depois, afastá-la dele. Com bom humor, mostra aspectos de sua vida pessoal, como a relação com a bebida. "Duvido que um jornalista tenha me visto bêbado. A última vez que bebi pra valer foi para ver Brasil e Holanda na Copa de 1974. A gente ficou guardando a bebida pra depois da vitória e tomamos de 2 a 0. Ficamos xingando os jogadores e bebemos."

Fidel

Inspiração de Luiz Inácio Lula da Silva, o discurso "A História me Absolverá" foi escrito como a defesa do advogado e líder da revolução cubana, Fidel Castro, diante do tribunal que o julgava em razão do ataque fracassado ao quartel Moncada, em Santiago de Cuba.

Era 1953. Fidel tentara a ação armada para derrubar o regime de Fulgêncio Batista. No discurso, ele se transformava em acusador do regime. "Quanto a mim, sei que a prisão será dura, como tem sido para todos - prenhe de ameaças, de vil e covarde rancor. Mas não a temo."

E terminava com a síntese de sua estratégia: "Condenai-me, não importa. A história me absolverá." Recebeu 15 anos de prisão. Anistiado em 1955, ele derrubaria Batista três anos depois.

Fumar maconha 5 vezes na juventude já aumenta risco de psicose



Fumar maconha pode não ter os mesmos efeitos para todo mundo e, quando o início do hábito começa na adolescência, é ainda mais prejudicial.

E não precisa de muito: fumar cannabis apenas cinco vezes na vida, quando o indivíduo ainda é adolescente, aumenta os riscos de desenvolver psicose — desordem mental que faz com que a pessoa perca o contato com a realidade. É o que atestam novas descobertas lideradas por pesquisadores finlandeses, da Universidade de Oulu.

Tais estudos apoiam uma série de evidências que mostram que, consequentemente, a cannabis pode até aumentar o risco de suicídio.

“Nossas descobertas estão em consonância com as visões atuais sobre o uso pesado de cannabis, particularmente quando iniciadas em uma idade precoce, estando ligada a um risco aumentado de psicose”, comentou um dos pesquisadores do trabalho publicado no The British Journal of Psychiatry.

Especialistas afirmam um estudo nacional inglês, divulgado há dois anos, mostrou que o consumo de skunk (variação da cannabis com maior concentração de substâncias psicoativas) entre os jovens ingleses aumentou bastante e, tal fato, já está associado a pelo menos 1/4 de novos casos de algum tipo de psicose da população.

Detalhes do estudo:
Mais de 6.000 voluntários entre 15 e 30 anos foram acompanhados para avaliar o risco de doença. Os números estimam que cerca de 1% da população sofra de psicose, o que pode causar delírios, como ouvir vozes e levar a graves dificuldades.

Um estudo paralelo, que envolveu o estudante de doutorado Antti Mustonen, mostrou uma ligação entre fumar cannabis e progressão do desenvolvimento de psicose.

Mustonen, que trabalhou ao lado dos especialistas de Cambridge e Queensland, acrescentou: “Se possível, devemos nos esforçar para evitar o uso precoce da cannabis”.

Cigarro ligado à psicose
Um estudo separado, publicado na Acta Psychiatrica Scandinavica, mergulhou na ligação entre fumar cigarros e psicose. No trabalho, pesquisadores mostram dados de adolescentes que fumaram em média dez cigarros por dia terem mais chances de sofrerem com psicose.

Tal risco também é aumentado se o tabagismo começar antes dos 13 anos, de acordo com a pesquisa, liderada pelo professor Jouko Miettunen. O profissional explicou que os achados eram verdadeiros mesmo quando contabilizavam outros fatores que aumentavam o risco, incluindo histórico familiar da doença.

“Com base nos resultados, a prevenção do tabagismo adolescente provavelmente terá efeitos positivos sobre a saúde mental da população na vida adulta”, afirmou.

Ian Hamilton, professor de saúde mental na Universidade de York, disse à publicação MailOnline que tais achados eram “preocupantes” e o contrário também acontecia.

“Pessoas com problemas de saúde mental são mais propensas a fumar. “Este estudo sugere que isso não é um acidente, pois fumar parece aumentar o risco de desenvolver sérios problemas de saúde mental, como psicose”, acrescentou.

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