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terça-feira, 2 de junho de 2020

Dezenove taxistas faleceram por Coronavírus no Ceará

"Depois dos profissionais da saúde, quem mais perdeu gente, pode ter certeza, que disparado, foi a categoria dos taxistas", lamenta o presidente do Sindicato dos Taxistas do Ceará (Sinditáxi), Francisco Moura. Entre março e maio, 19 motoristas faleceram em decorrência do novo Coronavírus.

"Em um só dia, nós perdemos três guerreiros para o Coronavírus", lamenta o presidente, sobre os óbitos registrados no sábado (30). Os motoristas trabalhavam no Aeroporto de Fortaleza, Mercado São Sebastião e no município de Barreira, no Maciço de Baturité. 

O presidente, no entanto, não sabe pontuar quantos condutores foram contaminados pelo novo Coronavírus no Estado. A categoria ainda sofre com a queda no fluxo de passageiros durante o isolamento social. A redução é estimada em 95% no período. "A situação é delicada, muito difícil, mas o Sinditáxi atua para amenizar o sofrimento da categoria", garante Moura, que coloca os taxistas como grupo de risco por transportar várias pessoas em um pequeno ambiente. 

Antes da pandemia, os motoristas conseguiam realizar até 3.900 viagens diárias. Com a crise, as corridas diárias caíram para 350, em média. "Temos torno de mil e duzentos motoristas logados [no aplicativo do Sinditáxi]", afirma Francisco. 

Durante a manhã, os taxistas participaram de um drive-thru na sede do Sinditáxi, no bairro José Bonifácio, em Fortaleza. Foram distribuídas 3.500 máscaras doadas pelo Shopping Iguatemi. Antes das entregas, o prédio passou por uma higienização. Além disto, a Prefeitura de Fortaleza doou cestas básicas para 8.495 motoristas cadastrados e isentou os profissionais da área do pagamento de taxas cobradas pela Etufor. 

Em maio, o presidente Jair Bolsonaro vetou a inclusão de taxistas no pagamento do auxílio emergencial, justificando que a ampliação criaria uma despesa extra sem que a fonte dos recursos tenha sido indicada pelo Congresso. "Estamos aguardando a derrubada do veto", diz o presidente do Sinditáxi, lembrando que a situação dos profissionais será discutida em 15 de junho, na Câmara dos Deputados.

Com informações Cnews

Médicos consideram que o pior da pandemia ainda está por vir, mostra pesquisa


A grande maioria (84,5%) dos médicos brasileiros considera que o país ainda não atravessou a pior onda do novo coronavírus, mostra a segunda pesquisa da APM (Associação Paulista de Medicina) divulgada nesta segunda (1°).

Foram entrevistados 2.808 profissionais de todo o país, das redes pública e privada, entre os dias 15 e 25 de maio. Eles responderam a questionário estruturado online, na plataforma Survey Monkey.

Quase a totalidade dos médicos ouvidos (96,6%) diz que é provável que faltem profissionais, nos vários níveis assistenciais, para cuidar dos infectados pelo coronavírus. Entre eles, 46% dos que estão na linha de frente apontam que já faltam médicos e outros trabalhadores da saúde nas unidades em que atuam.

A grande maioria (75,3%) considera o isolamento social importante, mesmo com as perdas financeiras advindas dele: 85,2% relatam queda de renda em razão da pandemia.

Para José Luiz Gomes do Amaral, presidente da APM, é positivo que os médicos tenham essa percepção de que o país ainda não atingiu o pior momento da pandemia e que o isolamento social deve ser mantido.

"Vai piorar e muito. Tivemos mais de mil mortos por dia, um desfecho que não permite dúvida sobre a gravidade. Em São Paulo, de uma semana para outra, está aumentando em uma centena o número de óbitos. Vários equipamentos de saúde já estão no limite", diz.

O médico Gerson Salvador, que atua na emergência do Hospital Universitário da USP, diz que o fluxo de procura e de internações por suspeita de Covid-19 está intenso, especialmente de pessoas que vivem nas periferias.

"Temos visto muitos pacientes graves, com insuficiência respiratória, tendo que ser ventilados e intubados já na emergência. As estatísticas chegam para a gente com o nome, sobrenome e histórias de vida. Muitas coisas ruins ainda estão por vir."

A tensão entre pacientes e equipes médicas também tem aumentado, segundo Salvador, especialmente por conta do estímulo que o presidente Jair Bolsonaro tem feito para uso da cloroquina. "Já tive paciente grave que se negou a aceitar os procedimentos indicados para o caso dele porque ele preferia tentar um tratamento com cloroquina."

De acordo com a pesquisa, 58,5% dos médicos ou de profissionais que fazem parte de suas equipes já foram vítimas de algum tipo de violência relacionada à pandemia.

O presidente da APM aponta que houve avanço na capacitação dos médicos em lidar com infectados em qualquer fase da doença, em relação à primeira pesquisa, feita em abril. Antes, 15% se diziam capacitados. Agora são 22,3%.

"Houve progresso, mas precisa melhorar muito mais. Não adianta ter médicos que não sabem o que fazer no front, que têm uma formação distante das urgências, dos problemas respiratórios."

Atualmente, 38,5% dos médicos da linha de frente dizem receber atualização científica dos hospitais; 38%, ter acesso por meio de associações médicas; e 61,5%, pesquisar diretamente na literatura médica. O Ministério da Saúde e as secretarias estaduais e municipais respondem por 31,5%, 17,5% e 18,5%, respectivamente, do conhecimento, segundo a pesquisa.

Os médicos da linha de frente seguem apreensivos, pessimistas, deprimidos, insatisfeitos e revoltados - em uma somatória de 79,3%.

Quando foram entrevistados, 75,3% dos profissionais atendiam até cinco pacientes com suspeita e/ou confirmação de Covid diariamente -24,7% cuidavam até de mais de 20 infectados. Entre os profissionais da linha de frente, 33,7% tiveram pacientes que morreram em razão da doença.

Segundo o médico Daniel Knupp, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, equipes de unidades de saúde no interior têm tido dificuldade em conciliar os atendimentos da Covid-19 com as outros atendimentos, por exemplo, às pessoas com doenças crônicas e as visitas domiciliares.

Soma-se a isso a falta de estrutura de muitos serviços. Um terço dos entrevistados ainda se queixa de falta de máscaras N95 ou equivalentes nos serviços de saúde em que atendem.

A maioria (64%) dos médicos entrevistados na pesquisa da APM também não foi testada para a Covid-19. E 39,4% dos que estão na linha e frente dizem que só há testes para os pacientes com sintomas graves.

Com informações Yahoo Notícias via Folhapress

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