Para liberar um dos suspeitos, um juiz alegou o risco da pandemia nos presídios
O suspeito de matar o sargento se apresentou no DHHP e, em seguida, foi embora livremente
Um bandido foi preso. Outro se apresentou. Os dois são apontados como suspeitos de envolvimento na morte de dois policiais militares no último fim de semana. Mas ambos não ficaram presos. Um deles livrou o flagrante. O outro saiu pela porta da frente do prédio onde participou de uma audiência de custódia e foi mandado para a casa pelo juiz.
As duas situações de impunidade foram registradas na última segunda-feira, após o fim de semana marcado pela violência de bandidos contra integrantes da Polícia Militar. Dois PMs foram assassinados, outro baleado e um quarto membro da corporação só escapou dos bandidos porque reagiu prontamente atirando de dentro de seu carro contra os suspeitos.
Na tarde de segunda-feira (15), o suspeito de ter participado da morte do soldado PM Daniel Campos de Menezes participou de uma audiência de custódia e foi solto mediante o cumprimento de medida cautelar. Depois de preso armado e autuado em flagrante em uma delegacia da Polícia Civil, Paulo Lucas Oliveira da Silva, que teria participado diretamente da morte do PM, no bairro José Walter, foi liberado pelo juiz.
Na sentença, o juiz argumentou que, devido à pandemia do coronavírus que atinge os presídios e a superlotação de presos, mandar o suspeito para a cadeia representaria um grande risco de “desencadear graves conseqüências não só para a saúde dos presos, como também daqueles que trabalham nos presídios”.
Confessou - Outro suspeito, identificado pela Polícia como suspeito de participação no assassinato do sargento da PM Nilton Cézar Vieira Lopes, morto na madrugada do último sábado em Messejana, quando voltava para casa após participar de uma operação, também, está em liberdade.
Um advogado ligou para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e exigiu condições de segurança para apresentar seu cliente, o suspeito da morte do militar.
Minutos depois, o suspeito entrou no prédio do DHPP sozinho. Entregou uma pistola de calibre 380 e confessou ter disparado cerca de 15 tiros no PM. Depois disso, saiu pela porta da frente e foi embora.
Policial penal participava de plano para resgate de chefes de facções presos no IPPOO 2
Na Controladoria, o agente também confessou que entregava celulares no presídio
O agente foi preso, pagou fiança, e já está em liberdade
Uma investigação sigilosa realizada por agentes da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD) e a Secretaria da Administração Penitenciária do Ceará (SAP) revelou que um agente penitenciário levava celulares para dentro de um presídio do Complexo Penitenciário da Região Metropolitana de Fortaleza e participava de um plano para entregar armas aos detentos e dar apoio a uma fuga.
O agente confessou na Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da CGD, na última terça-feira (9), que começou a aceitar as encomendas de uma facção local para levar celulares aos internos do Instituto Penal Professor Olavo Oliveira (IPPOO) II, em Itaitinga, em janeiro deste ano, para sustentar o vício em apostas de jogos de futebol. Ele recebia R$ 2 mil por cada aparelho entregue.
O pagamento chegou a ser feito através de transferência bancária para a conta da namorada do agente penitenciário, mas depois o dinheiro passou a ser entregue em espécie, por esposas de detentos, em um shopping do bairro Papicu, em Fortaleza.
O servidor afirmou que realizou três negociações, sendo que uma delas rendeu R$ 16 mil (equivalente ao valor da entrega de oito celulares). Os contatos eram duas lideranças da facção criminosa.
No plano mais ousado, o agente seria feito refém, em uma rebelião no IPPOO II, promovida por detentos que estariam na posse das armas levadas por ele. O servidor chegou a receber R$ 25 mil adiantados, em mais um encontro no shopping. Segundo ele, o dinheiro já foi todo gasto com apostas.
O agente afirmou à DAI que não chegou a receber as armas porque a facção estava com dificuldade de conseguir o armamento. Além disso, desde o início da pandemia do novo coronavírus (há três meses), o servidor está afastado do trabalho por um atestado médico, por estar nos grupos de risco da Covid-19. Se o plano de fuga fosse colocado em prática, ele receberia um total de R$ 150 mil.
Prisão em flagrante - A DAI cumpriu um mandado de busca e apreensão – expedido pela Justiça Estadual – contra o servidor, em uma residência no Município de Itapajé, na última terça-feira (9), para colher documentos e mídias que colaborem com a investigação.
O homem terminou preso em flagrante por não estar na posse da arma funcional. A pistola calibre 380 estava com um comerciante da região, que apresentou a arma à Polícia Civil minutos depois. O agente penitenciário pagou fiança de R$ 1,5 mil e foi solto.
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