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sábado, 13 de maio de 2017

Pai apagava cigarros na filha mantida em cativeiro por dois anos


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Uma jovem, de 21 anos, de Mogi das Cruzes, foi libertada depois de ter sido mantida em cárcere privado pelo próprio pai por ao menos dois anos. O caso foi denunciado à Polícia Militar na quinta-feira (11). A moça afirmou que estava trancada no interior da casa sem ter contato com ninguém. Ela disse que passou fome e foi maltratada e que até cigarros eram apagados na sua pele. A jovem contou ainda que está com o pai desde que a mãe faleceu em 2006 e que desde os 12 anos não frequenta a escola.

O pai, um segurança de 46 anos, foi preso por sequestro e cárcere privado. Segundo a polícia, ele confessou que mantinha a filha trancada no interior da residência para evitar que ela mantivesse relação sexual com homens desconhecidos e disse que precisava trabalhar. Como não apresentou advogado, o caso será encaminhado à Defensoria Pública.

Os policiais foram até o endereço e encontraram a vítima trancada no interior da casa sem iluminação e em condições impróprias na tarde de quinta-feira. Segundo a polícia, todas as portas estavam trancadas. A polícia localizou o pai da garota no Jardim Universo, em Mogi das Cruzes. Ele foi levado até a casa. Os policiais abriram a porta e libertaram a vítima. Testemunhas, vítima e o pai foram encaminhados ao 2º Distrito Policial.

Sem família

A vítima estava na delegacia durante a manhã desta sexta-feira (12), porque não tinha para onde ir. Na delegacia, a jovem parecia não compreender o que estava acontecendo. Enquanto aguardava a resposta de disponibilidade de um abrigo para recebê-la, ela estava na sala do delegado plantonista quieta, segurando as mãos e com olhar distante. A maioria das perguntas feitas foi respondida apenas com um “sim”, “não” ou com um gesto com a cabeça, depois de um longo silêncio pensativo.

Ainda em choque e, um pouco confusa, ela disse que seus pais eram separados e que, após o falecimento da sua mãe, uma tia teria lhe entregado ao pai.

A Secretaria Municipal de Assistência Social, por meio do Centro de Referência Especializado de Assistência Social, informou que "tomará todas as medidas de proteção à vítima".

A mulher foi levada para o Conselho Tutelar de Brás Cubas. Uma conselheira informou que a jovem está sob responsabilidade do Estado e foi encaminhada na tarde desta sexta-feira para a Casa de Mulheres Vitimizadas, onde receberá assistência.

Agressões - Segundo a jovem, as marcas em seu rosto são por causa das agressões que sofria. O pai costumava apagar bitucas de cigarro em seu rosto. Além das manchas escuras na pele, sua orelha esquerda também estava deformada por causa de uma facada.
A vítima ainda disse que um dia tentou fugir pela porta, mas ela estava trancada. Logo depois que seu pai descobriu, ela relatou ter sido agredida. Apesar de tantas agressões, entre tapas, queimaduras e orelha deformada, para a jovem, a pior agressão foi outra. “Ficar sem comida”.

Vítima contou que pai apagava cigarros em seu rosto

O caso foi registrado como sequestro e cárcere privado. O segurança foi preso e encaminhado para a cadeia de Mogi das Cruzes. Como não tem advogado, a Polícia Civil encaminhou pedido para que a Defensoria Pública faça a defesa do suspeito.

Créditos: G1

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