Os sintomas incluem febre alta, tosse, dor torácica, dor muscular e dor de cabeça. A infecção aguda grave pode evoluir rapidamente com falta de ar e insuficiência respiratória. ( FOTO: Reprodução ) |
Enquanto o Ceará foca todas as atenções no combate à dengue, chikungunya e zika, uma “nova” doença chega ao Estado. Dois casos de melioidose foram confirmados em 2017. Considerada rara, mas de alta letalidade, os primeiros registros no Brasil datam de 2003, no próprio Ceará.
Até este mês, o histórico é de apenas 29 registros da doença em 18 cidades. Os dois novos aconteceram em Granja, cidade distante 300 quilômetros de Fortaleza. Não há detalhes sobre o estado de saúde ou se houve óbitos. Fora do Ceará, há notificações somente em Alagoas e no Mato Grosso do Sul desde as primeiras notificações.
Os primeiros registros de melioidose no Ceará deram-se em Tejuçuoca, cidade distante 144 quilômetros da Capital. Quatro crianças, todas irmãs e que e moravam na zona rural daquela cidade foram infectadas pela bactéria Burkholderia pseudomallei. Três morreram.
Entre os principais sintomas, estão infecções na pele, nos pulmões e no sangue, mas a bactéria pode também causar danos em outros órgãos como a próstata e o fígado. Por não ter um quadro específico de sintomas, a doença muitas vezes pode passar despercebida.
Diagnóstico complicado
Causada pela bactéria Burkholderia pseudomallei, a melioidose é considerada uma “imitadora espetacular” porque pode apresentar múltiplas formas clínicas e ser confundida com outras infecções.
“Os pesquisadores consideram uma doença muito nova. Apesar de ter sido detectada no Ceará há 14 anos e já ser disseminada em países como a Tailândia, Austrália e Estados Unidos, ela é considerada emergente no Brasil, que é o principal país da América Latina a ter atenção com os casos”, pontua a infectologista cearense Dionne Bezerra Rolim, docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas da Universidade de Fortaleza (Unifor).
Considerada uma das principais pesquisadoras da doença no País, com artigo publicado em 2016 na revista científica internacional Nature Microbiology, a professora Dionne Bezerra defende que a principal forma de conter o avanço da doença é detectando de forma precoce.
Além de “imitar” outras doenças infecciosas, o tratamento da doença deve ser feito por meio de antibióticos específicos, ou seja, não pode ser curada com os remédios comuns. Para que ela seja identificada, uma análise também específica deve ser feita. O problema é que, quando resultado sai, o paciente, normalmente, já está em estado terminal. Ainda não existe vacina.
“A situação no começo foi bem difícil, já que os primeiros casos foram em 4 crianças da mesma família, mas de lá para cá muita coisa mudou, pois os médicos já começaram a trabalhar com a possibilidade da contaminação da doença. Infelizmente, como os pacientes, em sua maioria, são de áreas rurais, eles não possuem hospitais de grande porte para ajudar no diagnóstico e tratamento”, explica a infectologista.
Letalidade
Atualmente, países como a Tailândia, onde a melioidose é a 3ª doença que mais mata no país, os avanços já são bem maiores. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde a doença é considerada um perigo biológico com chances de ser usada em ataques terroristas, as pesquisas também estão bem avançadas.
Em 2015, foi criado um grupo para discutir a infecção, já que ela é considerada um problema de saúde pública. Nele, o Brasil é representado pela professora Dionne Bezerra.
No Estado, também há avanços, apesar da letalidade da doença ser de cerca 70%. Na Austrália, onde há uma estrutura de pesquisa bem desenvolvida, a letalidade da doença é de 70%.
“Ainda está longe do ideal. No Ceará melhorou porque já conseguimos desenvolver protocolos e tratamento. Em outros estados, muitos médico nem sequer conhecem, mas aqui nós estamos fazendo um trabalho de educação alertando os colegas e laboratórios”, explica a docente da Unifor.
Fonte Diário do Nordeste
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