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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Sindicância do Cremerj apura morte de Musa do Brasil Raquel Santos

O órgão informou através de um comunicado enviado a imprensa que em caso de condenação Wagner Moraes pode ser cassado.

Priscila BessaDo EGO, no Rio
Raquel Santos (Foto: Marcos Mello/ Divulgação)Raquel Santos (Foto: Marcos Mello/ Divulgação)


O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu uma sindicância em nome do médico Wagner Moraes para apurar as circunstâncias da morte da paciente Raquel Santos. Wagner foi o responsável pelo procedimento estético feito pela modelo antes de morrer. Segundo o órgão, através de um comunicado enviado a imprensa, "o médico citado não tem título de especialista registrado no Cremerj". Apesar da afirmação, a instituição informa que "não é obrigatório que os médicos inscritos no Conselho informem sua especialidade". O Cremerj também esclareceu que, em caso de condenação, "as punições vão desde advertência confidencial até a cassação do exercício da Medicina".

Familiares e amigos se dividem
Durante o enterro de Raquel na quarta-feira, 13, a avó da modelo, Maria de Castro Carvalho Pontes,afirmou que não se importa com o rumo das investigações sobre a morte da neta. Ela disse que prefere deixar os detalhes sobre o ocorrido para Gilberto Azevedo, marido de Raquel. "Eu já perdi a minha neta. Não quero saber de nada. Isso é com o marido dela", disse a aposentada em entrevista ao EGO.
Pouco antes do enterro de Raquel, que foi impedido pelas autoridades policiais por falta de laudo, uma amiga da família, que não quis se identificar, isentou o médico. "A culpa não é dele. Ela usava anabolizantes há mais ou menos dois anos. Peguei ela colo quando tinha um ano. Era linda, mas queria ficar ainda mais linda. Foi isso que matou ela", lamentou.
Mais cedo,o médico Wagner Moraes, que fez o procedimento estético na modelo antes de ela morrer, explicou ao EGO o motivo de ter sido ele quem assinou o atestado de óbito.

Wagner revelou ainda que ela omitiu na ficha médica que fumava e tomava anabolizantes. Só foi saber quando o marido lhe revelou, depois da operação. "Ele (
o marido) me contou que ela ia fazer um tratamento psiquiátrico pela sua compulsão pela beleza. Ela já tinha operado várias coisas", contou o médico."É rotina não dar o atestado de óbito antes de 24 horas de urgência vindo de fora. Aí me pediram, porque eu era o médico dela. Eu fui na prefeitura, peguei e assinei o atestado", contou.
O marido também teria relatado que Raquel tinha um enfisema pulmonar avançado e que
injetava nela própria anabolizante de cavalo. Para Wagner, esse foi o motivo da morte da modelo. "O produto que eu apliquei não tem contra-indicação. E eu fiz um teste do produto na pele dela antes da operação e não deu nada. O problema dela era de saúde, e o exame do IML vai comprovar isso", disse.
Wagner Moraes e Ângela Bismarchi (Foto: Photorio News/Raphael Mesquita)Wagner Moraes
(Foto: Photorio News/Raphael Mesquita)
Enterro
Os familiares de Raquel Santos finalmente puderam enterrar o corpo da finalista do concurso "Musa do Brasil". Ele foi liberado pela Polícia Civil após autópsia e o sepultamento foi marcado para às 18h de quarta-feira, 13, no Cemitério Parque da Paz, no município de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O local foi o mesmo onde - um dia antes - o enterro foi impedido pelas autoridades policiais por falta de laudo.
Em conversa com o EGOCelidene Fabio, amiga da modelo, disse que o embargo ao sepultamento causou tristeza à família de Raquel, que tinha 28 anos: "Não dormi a noite inteira tentando resolver as questões do enterro", desabafou ela.
A confusão aconteceu porque houve um confronto de informações entre o médico que atendeu Raquel na clínica de estética e o profissional que a atendeu no hospital. "O médico da clínica de estética alega que Raquel saiu de lá viva. O hospital alega que Raquel já chegou lá morta", lamenta a amiga.
Raquel Santos (Foto: Marcos Mello/ Divulgação)Raquel Santos (Foto: Marcos Mello/ Divulgação)
Polícia investiga
Esse confronto de informações está sendo investigado pela 79ª DP (Jurujuba). O delegado responsável pelo caso, Mario Lamblet, quer ouvir o cirurgião plástico Wagner de Moraes, dono da clínica de estética, duas enfermeiras de lá e os médicos que atenderam Raquel no Hospital Icaraí, para onde ela foi após as complicações. O viúvo, o empresário Gilberto Azevedo, já prestou depoimento.
Segundo Lamblet, a causa da morte só vai ser definida após saírem os exames laboratoriais. "Tudo vai ser analisado, mas os resultados podem levar até 30 dias para sair", informa o titular ao EGO, que quer saber se a causa da morte foi natural ou em decorrência da administração de algum produto.
"Independentemente dos resultados dos exames, as equipes médicas responsáveis pela intervenção e pelo socorro vão ser ouvidas", explica.
Raquel Santos (Foto: Marcos Mello/ Divulgação)Raquel Santos (Foto: Marcos Mello/ Divulgação)
Entenda o caso
Finalista do concurso "Musa do Brasil", Raquel morreu na segunda-feira, 11, após se submeter a um procedimento estético de preenchimento no rosto. A jovem - que é de Niterói, no Rio, mas representava o Estado de Mato Grosso no concurso de beleza - era casada e tinha dois filho: Caíque, de 13 anos, e Liam, de 7.
Em conversa com o EGO, o viúvo Gilberto Azevedo contou o que aconteceu. "Ela estava na clínica do doutor Wagner Moraes (que vem a ser marido de Ângela Bismarchi) quando começou a sentir o coração acelerado e muita falta de ar. As enfermeiras disseram que os níveis dela estavam normais, mas ela estava roxa", relembrou.
Raquel foi, então, levada para o Hospital Icaraí: "Quando chegamos lá, ela teve uma parada cardíaca. Acredito que se ela estivesse em algum lugar adequado para fazer o procedimento estético, como um hospital, ela ainda estaria viva".
Busca pela beleza
Segundo Gilberto, esse não foi o primeiro procedimento estético feito por Raquel: "Ela estava doente com essa busca pela beleza. Já tinha colocado silicone, em 2014; feito nariz, queixo e bochechas em 2015; e na semana passada tinha feito um enxerto no bumbum. Além disso, ela tomava muitos remédios e fumava muito. Ela tomava remédio antes de malhar, para dormir... Acho que isso mais uma negligência do médico causaram a morte dela".
O viúvo conta que Raquel já havia sido alertada sobre o perigo das cirurgias. "Nunca a apoiei para fazer essas plásticas. Sempre falei que ela estava doente e que não precisava. A mãe dela também falou muito. Ela era linda. Ia desfilar no carnaval e estava muito ansiosa com isso", lamenta.

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