Farmacêutica afirmou que conseguiu neutralizar a infecção pelo novo coronavírus em experimentos realizados em células in vitro.
Uma empresa farmacêutica americana afirmou ter encontrado um anticorpo eficiente para neutralizar a infecção pelo novo coronavírus em experimentos realizados em células in vitro em um estudo preliminar.
A companhia Sorrento Therapeutics, no entanto, não explicou como o experimento foi feito nem diz que tipo de células foram usadas em laboratório. O texto informa que os resultados da pesquisa serão enviados para publicação em uma revista científica em breve, o que possibilitará que o estudo passe pela revisão de outros cientistas da mesma área.
No comunicado publicado nesta sexta-feira (15), a empresa sediada em San Diego, na Califórnia, diz que o anticorpo chamado STI-1499 teria a capacidade de bloquear o mecanismo que o parasita usa para invadir as células humanas e causar a infecção.
Em entrevista ao canal de notícias americano Fox News, o diretor da Sorrento Therapeutics disse que o anticorpo representa uma cura para a Covid-19.
– Se temos um anticorpo neutralizante no nosso corpo, não precisamos do distanciamento social. Podemos reabrir a sociedade sem medo – afirmou.
Mesmo sem comprovar o feito, a Sorrento Therapeutics viu suas ações serem valorizadas no mercado financeiro, que tiveram um pico de crescimento de 240% no valor de suas ações durante o dia.
Segundo a imunologista Cristina Bonorino, professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e pesquisadora-associada da Universidade da Califórnia em San Diego, a técnica para desenvolver anticorpos para terapias já é dominada por pesquisadores de diversas instituições.
– Desde o início da pandemia, cerca de uma centena de universidades e empresas começaram a desenvolver esses anticorpos. O que preocupa nesse caso é a empresa não publicar os resultados – afirmou.
Um grupo de cientistas de universidades europeias já havia publicado no dia 4 de maio um artigo que demonstrou a eficiência do uso de um anticorpo para bloquear a infecção pelo novo coronavírus em cultura de células –um estudo preliminar, como a empresa de San Diego diz ter feito.
O artigo está disponível no periódico Nature Communications, revista de acesso gratuito publicada pelo mesmo grupo responsável pela prestigiosa Nature.
Ainda que os resultados da Sorrento se provem reais e promissores, Bonorino lembra que o anticorpo precisa passar por testes em animais e em humanos antes de ser aprovado.
– Mesmo que haja alguma flexibilização para a aprovação, ela não vai acontecer sem a comprovação de que o anticorpo funciona e não é tóxico – disse.
Mas de acordo com Bonorino, que estuda anticorpos para tratamento de câncer (técnica conhecida como imunoterapia) e faz parte do comitê científico da Sociedade Brasileira de Imunologia, o uso do dispositivo como medicamento é custoso e não garante proteção duradoura contra o vírus.
“Os anticorpos agem para reforçar a imunidade”, explica a cientista. Essas moléculas têm um prazo de validade no nosso corpo, que, dependendo da dose, dura até alguns meses.
Um anticorpo usado contra doença respiratória em crianças, o palivizumabe, tem seu valor na casa dos R$ 4.000 por dose. Anticorpos usados em tratamento de câncer são ainda mais caros, e podem chegar ao preço de R$ 25 mil por mês de uso.
– Anticorpos são caros, e o efeito é passageiro”, diz a pesquisadora. “O ideal é que o corpo crie uma memória imunológica, e isso só a vacina faz – concluiu.
Procurada pela reportagem, a Sorrento Therapeutics disse que não conseguiria responder às questões do jornal devido ao aumento da demanda de trabalho de sua equipe.
(Folhapress)
Polícia apura a morte de 12 pessoas no Alemão após dia de tiroteios
Segundo a PM, cinco dos mortos estavam em confronto com os agentes. Moradores relatam intenso confronto e barulho de bombas. Fotos mostram corpos sendo carregados por moradores.
A Delegacia de Homicídios investiga a morte de 12 pessoas nesta sexta-feira (15) no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. A comunidade foi local de intenso tiroteio durante uma operação integrada das polícias Civil e Militar.
Durante a operação, um PM foi ferido por estilhaços, sem gravidade. Oito fuzis foram apreendidos, além de munições, granadas e drogas.
O Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, na Zona Norte, recebeu quatro baleados. Três deles morreram e um continuava internado na tarde desta sexta-feira (15).
O Hospital Geral de Bonsucesso, também na Zona Norte, informou que atendeu baleados da mesma operação. Duas pessoas morreram na unidade.
De acordo com a polícia, cinco mortos são suspeitos. Um deles é Leonardo Serpa de Jesus, conhecido como Léo Marrinha, chefe do tráfico no morro da Providência. A Polícia Civil investiga se líderes de outros morros pertencentes à mesma facção estão escondidos no Complexo do Alemão.
A operação tinha o objetivo de encontrar um paiol onde suspeitos esconderiam armas, munições e drogas, além de encontrar traficantes.
Moradores da comunidade afirmaram que a polícia negou levar os corpos até a parte baixa da comunidade. Nas redes sociais, o jornal Voz das Comunidades informou que moradores fizeram denúncias sobre agressão policial.
Às 7h45, imagens do Globocop mostraram a movimentação de militares, armados com fuzis, pelas ruas da localidade conhecida como Alvorada. Pelas redes sociais, moradores informavam que os confrontos começaram logo no início da manhã, junto com som de bombas.
Segundo o porta-voz da PM, coronel Mauro Fliess, um policial militar foi atingido sem gravidade por estilhaços durante confronto na localidade Loteamento.
Devido aos disparos em transformadores, áreas das comunidades Fazendinha, Nova Brasília, Grota e Loteamento ficaram sem luz.
No mesmo horário, um veículo blindado da PM tentava passar pelas ruas estreitas do Alemão, que tinham barras de ferro para dificultar a movimentação dos agentes.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) informou que instaurou inquérito para apurar cinco mortes por intervenção de agentes do estado durante operação no Complexo do Alemão, nesta sexta.
A unidade apura ainda as circunstâncias da morte de outras sete pessoas no conjunto de favelas encontradas sem vida nesta sexta.
Ainda na manhã desta sexta-feira (15), policiais do 4º BPM (São Cristóvão) faziam uma operação na comunidade do São Carlos, na Zona Norte da cidade.
Desde as primeiras horas da manhã, moradores também relataram intenso tiroteio na região, no bairro do Estácio. Não havia informações oficiais sobre prisões ou apreensões até a última atualização desta reportagem.
Em nota, o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania e do Observatório da Segurança RJ ressaltou que o estado deveria estar concentrado em salvar vidas.
"A operação policial realizada hoje no Complexo do Alemão que deixou 12 mortos é um momento chocante da história da segurança pública no Rio de Janeiro. Políticas baseadas no confronto armado e não em inteligência e prevenção estão destinadas ao fracasso. Os grupos armados locais não se enfraquecem e a polícia se brutaliza", dizia a nota.
Fonte: G1
Foto: Ricardo Moraes/Reuters
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