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terça-feira, 19 de abril de 2016

Tiririca surpreende Lula com voto anti-Dilma: "Esse cara esteve comigo"


O deputado esteve no hotel de Lula poucas horas antes de votar a favor do impedimento da presidente.
Voto do deputado Tiririca (PR-SP) pelo impeachment de Dilma Rousseff foi recebido com surpresa e indignação pelo ex-presidente Lula neste domingo, 17. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o deputado esteve no hotel de Lula poucas horas antes de votar a favor do impedimento da presidente.

"Esse cara esteve comigo hoje. Como ele faz isso? Ele ia votar com a gente", teria desabafado Lula logo após o voto. Há quase seis anos como deputado, Tiririca usou o microfone do plenário da Câmara pela 1ª vez neste domingo, para votar pelo impeachment. “Senhor presidente, pelo meu País, meu voto é sim!", disse, sendo aplaudido por colegas. 


Segundo a Folha, Lula disse que havia recebido Tiririca na manhã de domingo, no quarto do hotel em que se hospeda em Brasília. "Ele ia votar com a gente", repetiu Lula. Dilma balançou a cabeça negativamente.

Adail Carneiro

Outra traição que causou surpresa no Palácio da Alvorada foi a de Adail Carneiro (PP-CE). Ex-assessor especial do governo Camilo Santana (PT) que voltou à Câmara para dar voto pró-Dilma, Adail acabou “virando a casaca” na última hora. Poucas horas antes, ele almoçou com Dilma e confirmou apoio à petista.


Confira voto de Tiririca, em vídeo do canal Notícias Políticas:


(O Povo)

Laudo mostra pagamento a Lula lançado em contabilidade usada pela Andrade Gutierrez



Um laudo da Polícia Federal feito com base na quebra do sigilo fiscal da empreiteira Andrade Gutierrez destaca o pagamento de R$ 3,6 milhões para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre 2011 e 2014.
São valores que "transitaram" por uma conta chamada "overhead" trilhando mesmo percurso do dinheiro que abasteceu empresas investigadas por lavagem de dinheiro de propina alvo da Operação Lava Jato, como firmas ligadas aos operadores financeiros Adir Assad, Fernando "Baiano" Soares, Mário Goes e Julio Gerin Camargo.

"Foram identificados lançamentos contábeis indicativos de pagamentos e doações a empresas e instituições vinculadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no montante de R$ 3.607.347, entre os anos de 2011 e 2014", registra o laudo 10/2016, da PF.

"Cumpre destacar que, conforme subseção III.3.5, recursos destinados à LILS transitaram pela conta contábil 'overhead' e realizaram percurso similar ao de empresas que estão sendo investigadas no âmbito da Operação Lava Jato pela prática de lavagem de capitais e/ou pelo recebimento dissimulado de recursos."

Delação premiada

O laudo é de 25 de fevereiro e foi elaborado pelos peritos criminais federais Daniel Paiva Scarparo, Audrey Jones de Souza e Ivan Roberto Ferreira Pinto. Anexado nesta segunda-feira (18) ao inquérito aberto para apurar envolvido da Andrade Gutierrez no esquema de cartel e corrupção na Petrobras, o documento servirá para a Lava Jato cruzar dados documentais com as declarações dadas pelos executivos da empreiteira, no acordo de delação premiada.

Os repasses a Lula foram incluídos no item "Pagamentos a ex-agentes públicos". Em depoimento prestado na Justiça Federal, no Rio, o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques Azevedo citou o nome do ex-presidente num pedido de apoio em contrato firmado na Venezuela. O executivo negou ter feito pagamento de propinas ao petista. Segundo ele, um porcentual de 1% de contratos foi cobrado por outros interlocutores do PT, entre eles o ex-tesoureiro João Vaccari Neto. Por meio de sua defesa, Vaccari nega.

O que chama atenção dos investigadores da Lava Jato é que os pagamentos feitos para Lula integram a conta contábil "Overhead", alvo de um capítulo específico do laudo. "A análise do SPED (Sistema Público de Escrituração Digital) da Construtora Andrade Gutierrez revelou a existência de uma conta contábil intitulada 'Overhead'", informam os peritos.

"O 'overhead' contempla gastos comuns não alocados diretamente a um produto, ou seja, possui natureza preponderantemente indireta", informa o laudo. "Por possuir natureza de gasto comum e preponderantemente indireto, o 'overhead' é controlado pela unidade central da entidade contábil analisada, ou seja, contempla fatos comuns feitos pela administração central (sede ou matriz, home office overhead) e não vinculados diretamente a um produto específico (contrato de obra), porém atribuíveis indiretamente por meio de rateio em um conjunto de produtos (contrato de obra)."

Os peritos explicam que esse tipo de conta contábil é utilizado na formação de orçamentos de obras "onde se calcula a taxa de administração central a ser embutida nos orçamentos das construtoras".

"A partir dos gastos da sede para manter as atividades de direção geral da empresa (área técnica, administrativa, financeira, contábil etc), busca-se inserir nos orçamentos das obras (geradores de receitas) as parcelas relativas a estes gastos de administração central sob a forma de rateio proporcional ao porte de cada obra/contrato, seja proporcional ao faturamento, seja proporcional ao custo estimado de cada item".

Mesmo controle

A partir da explicação, os peritos da PF informam que constataram nas análises que "a Andrade Gutierrez registrou e controlou na conta "Overhead", parte dos pagamentos realizados às empresas investigadas por terem realizado operações de lavagem de dinheiro e/ou transferência dissimulada de capitais, bem como doações eleitorais."

São cinco pagamentos para a LILS e quatro doações para o Instituto Lula entre 2011 e 2014. "Da mesma forma, oportuno esclarecer que os pagamentos realizados à empresa LILS Palestras, Eventos e Publicações Ltda, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também transitaram pela conta contábil 'Overhead', indicando que a Andrade Gutierrez tratou tais despesas como gastos indiretos a serem apropriados aos custos das obras."

Os peritos da PF relacionam nesse trecho os pagamentos a Lula aos custos de contratos da Petrobras. "Todos estes gastos compuseram parcela dos custos de administração central nos contratos de obras realizadas pela empresa revelando, em parte, a forma como tais pagamentos encareceram os cursos de construção e, por consequência, os custos de aquisição por parte dos contratantes de obras como as da Petrobras."

O documento aponta ainda que o controle sobre tais despesas seriam feitos pela "alta administração". "Sistemática revela ainda que os pagamentos realizados às empresas investigadas foram autorizados pela alta administração da entidade, uma vez que vinculados ao centro de controle de custo 'overhead', e não a um contrato/obra específico, onde tais pagamentos seriam autorizados e realizados pelos gestores de cada contrato/obra."

Ao todo, a PF analisou contratos em que a Andrade Gutierrez participou na Petrobras que totalizaram R$ 7,2 bilhões --R$ 1,54 bilhão em contratações diretas e R$ 5,6 bilhões por meio de consórcios. São contratos de obras em refinarias como a Replan, em Paulínia (SP), e no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).

Procurado o Instituto Lula ainda não respondeu aos questionamentos. O ex-presidente tem negado, reiteradamente, via assessoria de imprensa, irregularidades nos recebimentos. Ele diz que todos os serviços a empreiteiras alvo da Lava Jato foram por palestras e consultorias efetivamente realizadas.

Os inquéritos que apuram suposto envolvimento de Lula no esquema de corrupção na Petrobras foram enviados ao STF para decisão de a quem compete as investigações, a primeira instância, em Curitiba, ou à Procuradoria Geral da República, em Brasília.

Já os advogados que fazem a defesa de Lula disseram, em nota, que "os pagamentos feitos pela Andrade Gutierrez à empresa LILS referem-se a palestras realizadas por Lula".

"A Andrade Gutierrez também fez doações ao Instituto Lula igualmente declaradas. O laudo apresentado não tem consistência técnica, mas apenas trabalha com ilações, o que é reprovável na atividade policial ou em qualquer ato de persecução do Estado, que não pode expor gratuitamente a honra e a imagem de seus jurisdicionados", afirmou o comunicado.

A empreiteira Andrade Gutierrez, procurada pela reportagem via assessoria de imprensa, informou que não iria comentar o documento.

Fonte: Uol

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