Web Radio Cultura Crato

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Mortes por intervenção policial crescem 41% no Ceará; PM é vítima

Confundido com um assaltante, o cabo da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Paulo Alberto Marques Albuquerque, de 33 anos, foi baleado e morto pelos próprios colegas de farda, na noite da última terça-feira (28), em Fortaleza. Ele é mais uma vítima de intervenção policial no Estado. A estatística cresceu 41,8%, neste ano.

Conforme dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), 139 pessoas foram mortas em reações da Polícia, entre janeiro e julho do ano corrente. Em igual período de 2017, essas ocorrências resultaram em 98 mortes. O ano passado terminou com 161 casos. Os dados de agosto de 2018 ainda não estão consolidados.

Outras abordagens policiais desastrosas, ocorridas neste ano, mataram o jogador de sinuca José Messias Guedes Oliveira, 35, ainda no mês de agosto; a universitária Giselle Távora Araújo, 42, em junho; e Cícero Leonardo dos Santos Silva, 32, deficiente auditivo, em abril. Nas três ocorrências, policiais militares tentaram parar o veículo em que as vítimas trafegavam e efetuaram disparos fatais.

Confusão

De folga, o cabo Paulo Albuquerque reagiu a um assalto próximo à Lagoa da Parangaba e procurou apoio de uma viatura da Polícia Militar que passava pelo local. Os outros policiais viram o PM com uma arma de fogo na mão, à paisana, e o alvejaram com pelo menos dois disparos.

Segundo a SSPDS, de acordo com informações colhidas pela Polícia Civil no local, Albuquerque pilotava uma motocicleta e, ao parar no sinal vermelho na Rua Joaquim Moreira, foi abordado por indivíduos. Ao reagir ao assalto, ele efetuou disparos contra os assaltantes, que fugiram com o veículo. Não há informações sobre suspeitos feridos.

Uma composição do Policiamento Ostensivo Geral (POG) passava próximo à ocorrência, ouviu os tiros e se deslocou até o local. Foi quando os policiais viram o cabo PM e efetuaram os disparos, que atingiram o tórax e a perna da vítima.

Ao se aproximarem do suspeito, os policiais identificaram o militar e o socorreram primeiramente para o Hospital Distrital Maria José Barroso de Oliveira (Frotinha da Parangaba), onde ele recebeu transfusões de sangue. Em seguida, devido às complicações, o cabo Albuquerque foi transferido para o Instituto Doutor José Frota (IJF), onde passou por um procedimento cirúrgico. No entanto, ele morreu por volta de 4h30.

Ainda conforme a Secretaria da Segurança, a composição policial que atirou contra a vítima se apresentou espontaneamente na 11ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável por apurar casos de morte de agentes de segurança. A motocicleta de Albuquerque foi recuperada pela Polícia, pouco tempo depois do assalto.

Policiais mortos

Na contramão do crescimento das mortes por intervenção policial, os agentes de segurança morrem menos, no Ceará, em 2018. De acordo com dados da SSPDS, entre janeiro e julho do ano passado, 17 policiais foram assassinados; já em igual período deste ano, foram cinco vítimas, o que representou uma redução de 70,5%.

O mês de agosto quase dobrou o número de policiais mortos no Estado, neste ano. Além do cabo PM Paulo Albuquerque, três policiais militares foram vítimas de um ataque cometido por uma facção criminosa, no último dia 23. O tenente Antonio Cezar Oliveira Gomes, 50, o subtenente Sanderley Cavalcante Sampaio, 46, e o sargento José Augusto de Lima, 58, almoçavam em um bar, na Vila Manoel Sátiro, na Capital, quando foram executados a tiros. Seis suspeitos foram presos pelo crime e outro morreu em um confronto com a Polícia, no mesmo dia.

O triplo homicídio teria sido ordenado de dentro de um presídio estadual. Fabiano Cavalcante da Silva, que já estava detido, teria sido um dos mandantes do crime, segundo a Secretaria da Segurança Pública. Com informações do Diário do Nordeste.

Em cinco dias, 50 pessoas foram assassinadas em Fortaleza

Entre 23 a 27 de agosto, pelo menos 50 pessoas foram assassinadas em Fortaleza, de acordo com estatísticas preliminares da Secretaria da Segurança. Em igual período do ano passado, foram 10 assassinatos. No primeiro dia desta contagem, quinta-feira (23), três policiais militares foram mortos enquanto bebiam em um bar no Bairro Vila Manoel Sátiro, periferia de Fortaleza.

No mesmo período do mês de julho – de 23 a 27 – foram assassinadas 10 pessoas na capital cearense. No Ceará, até o dia 27 de agosto, 1.448 foram mortas. No período referente a 2018, foram 10 assassinatos por dia, enquanto que em 2017, a média diária foi de duas mortes/dia.

Em nota, a secretaria da Segurança Pública afirma que todos os assassinatos registrados no Ceará são investigados pela Polícia Civil. “As circunstâncias e motivações serão identificadas mediante apuração, durante o andamento dos inquéritos policiais”.

A Secretaria diz, ainda, na nota, que “é precipitado fazer conjecturas antes da conclusão das investigações. A SSPDS ressalta ainda que o índice de resolutividade de homicídios no estado, em 2017, foi de 24%, acima da média nacional, que é cerca de 8%”.

Agentes de segurança


Em 2018 – até esta quarta-feira (29), nove agentes de segurança pública foram assassinados no Ceará, de acordo com informações da Associação dos Agentes de Segurança Pública, Sindicato dos Policiais Civis e Associação de Cabos e Soldados Militares do Ceará.

De 2013 a 2018, pelo menos 114 agentes de segurança civis e militares foram assassinados no Ceará. O maior número de casos ocorreu em 2016, com 34. Na sequência, 2017, com 26; em 2013, com 17 agentes de segurança assassinados; 2015, foram 15; e 2014, com 13 agentes mortos.

O último caso ocorreu na madrugada desta última quarta-feira. Segundo a Secretaria da Segurança, o policial Paulo Alberto Marques Albuquerque trafegava em uma moto pela Rua Joaquim Moreira, no Bairro Parangaba, quando foi abordado por bandidos. A secretaria disse que ele teria reagido a um assalto, efetuando disparos contra os suspeitos.

Na quinta-feira (23), Três policiais militares foram executados a tiros enquanto estavam em um bar, no Bairro Vila Manoel Sátiro, na tarde desta quinta-feira (23). Um deles estava de folga e os outros dois são da reserva.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSPDS), três homens suspeitos de participação no crime foram presos na noite desta quinta, e um quarto suspeito morreu após reagir à abordagem policial e ser atingido por tiros. Um dos três presos também foi atingido e, em seguida, levado a uma unidade hospitalar.

As vítimas foram identificadas como 1º sargento José Augusto de Lima, 58 anos, 2º tenente Antônio Cezar Oliveira Gomes, 50 anos, e subtenente Sanderley Cavalcante Sampaio, 46 anos. Somente o subtenente Cavalcante ainda era policial da ativa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário