Quando a umidade cai para menos de 30%, a OMS recomenda que a exposição ao sol deve ser reduzida |
Nos meses de agosto a novembro, praticamente não ocorre chuva no Ceará. Diante deste cenário, as regiões do semiárido cearense têm quase que diariamente valores de umidade mais baixos que 30% durante os horários mais quentes do dia, que vão de 12h às 16h. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera estado de observação os níveis de 40% a 31%. Quando a umidade cai abaixo dos 30%, há estado de atenção. Se a umidade atingir níveis entre 20% e 12%, ocorre o estado de alerta.
De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o município de Iguatu, no mês de agosto, registrou a umidade relativa mínima média mais baixa do Estado. Conforme dados da Plataforma de Coleta de Dados (PCD) instalada na cidade, o índice ficou em 13%, o que é considerado estado de alerta na classificação da OMS. Já Crateús, Quixeramobim e Tauá registraram umidade mínima média entre 21% e 22%, indicando atenção.
“Esses índices baixos se devem à época do ano, ao grau de interioridade, ou seja, a distância da costa, e as condições predominantemente secas do solo e da vegetação diminuindo a evapotranspiração para a atmosfera”, explica o supervisor da unidade de Tempo e Clima da Funceme, Raul Fritz.
Cuidados
Quando a umidade relativa do ar cai para menos de 30%, a OMS recomenda que a exposição ao sol e a realização de atividades físicas devem ser menor. Neste período, o Ministério da Saúde indica também o aumento da hidratação, ingerindo mais água, suco natural e/ou água de coco.
“No Ceará, a umidade relativa do ar tende a diminuir geralmente no segundo semestre do ano, a partir do mês de julho, até o final do ano, em virtude da sensível diminuição das precipitações pluviais nesse período. Isso se faz mais notável principalmente no interior do estado. A faixa litorânea geralmente se apresenta mais úmida, ao longo do ano, em virtude da umidade proveniente da evaporação da água oceânica e que é trazida para o continente pelos ventos”, afirma Fritz.
Os índices também podem variar de acordo com o horário. Em alguns dias desta época, principalmente entre 12h e 16h, a umidade do ar em Fortaleza, por exemplo, pode chegar perto de 30%. Vale considerar ainda que índices baixos não são tão comuns em cidades litorâneas. Porém, no dia 23 do último mês, por volta das 11h, a Capital registrou umidade mínima de 31%, a mais baixa de agosto na cidade, considerando as variações de horários. A média da mínima ficou em 31%, conforme a Funceme.
“A umidade relativa e a temperatura do ar estão relacionadas uma à outra, de forma que nos horários mais quentes do dia, principalmente no início da tarde, se tem a menor umidade relativa do ar. Com a temperatura mínima que ocorre durante a madrugada, perto do raiar do dia, a umidade do ar se mostra mais alta. Assim, pela madrugada e, ainda, no início da manhã se tem maior umidade relativa e, à tarde, a menor”, diz o meteorologista Raul Fritz.
Entenda
A umidade relativa do ar é a razão, expressa percentualmente, entre a quantidade de umidade atmosférica, num determinado local, em certo momento e numa dada temperatura, e a quantidade de umidade que estaria presente se o ar estivesse saturado. Quanto mais baixa se apresenta a umidade relativa do ar, se pode dizer que mais seca (com menos vapor d’água) se encontra a massa de ar.
Paciente de hospital em Fortaleza é 1º a receber imunoterapia para câncer
A droga foi precificada no Brasil na semana passada e, até então, era utilizada apenas em testes. O tratamento legal com a Blincyto no paciente do hospital cearense custa, por dia, R$ 10 mil.
O primeiro uso oficial no Brasil da "vacina para câncer", apresentada ao mercado em dezembro de 2016, foi iniciado em um paciente idoso do Hospital São Camilo Cura d'Ars, em Fortaleza. A Blinatumomab, chamada de Blincyto, começou a ser aplicada na última sexta-feira, 1º. O tratamento de infusão continuada da substância dura 28 dias e custa, por dia, R$ 10 mil. O valor está sendo pago por plano de saúde privado.
A Blincyto foi liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há 90 dias, mas precificada somente na quarta-feira passada, conforme o responsável pelo tratamento do paciente no hospital São Camilo e pós-doutor em hematologia, Ronald Pinheiro. "A droga já foi usada no Brasil em testes laboratoriais ou sem seguir as regras da Anvisa, mas de acordo com a legislação brasileira, é a primeira vez", frisa.
O tratamento foi iniciado às 17 horas da sexta passada e já apresentou resultados impressionantes, com queda de células leucêmicas de 70 mil para 4.500 - em apenas quatro dias. No Brasil, esse tratamento só foi liberado para idosos, mas também é eficaz em crianças, que são curadas em 80% dos casos.
"A utilização é para leucemia linfocítica aguda, quando não tem mais possibilidade de ser feita a quimioterapia tradicional. A gente chama de vacina, mas o nome certo é imunoterapia", explica Ronald. O nome do paciente, bem como a idade, é mantido em sigilo por ética médica.
O tratamento, além de caro, costuma dar reações anafiláticas fatais e requer atenção continuada da equipe médica. "Uma dose, por dia, tem nove microgramas. Um miligrama tem 1.000 microgramas. Tem nas primeiras semanas risco de óbito de 19%, por isso, é muito perigosa e requer tanto cuidado. Tem que colar no paciente", afirma Ronald.
A grande vantagem, ainda de acordo com Ronald Feitosa, é o duplo mecanismo do tratamento com a substância. "Tem um estudo randomizado, publicado em 2016, no New England Journal of Medicine, que mostra que é muito mais efetiva que a quimioterapia tradicional. Tanto mata a célula leucêmica doente, como estimula o sistema imunológico a atacar a célula da leucemia. Não podemos ainda falar em cura, mas o grande benefício é prolongar a sobrevida", completa.
AMANDA ARAÚJO - O POVO
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