Reportagem veiculada pela revista "Veja" em sua edição deste fim de semana trouxe a informação de que o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), condenado no Mensalão e na Lava-Jato, afirmou em delação premiada na Procuradoria-Geral da República (PGR) que o ex-presidente Lula articulou esquema de corrupção na Petrobras.
O petista teria imposto rigorosamente a nomeação do engenheiro Paulo Roberto Costa para a Diretoria de Abastecimento da estatal petrolífera, em 2004.
A delação de Pedro Corrêa ainda não foi homologada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). O relato do ex-deputado, preso em 2015, implica ao menos 18 políticos, entre deputados, senadores, ministro do TCU, ex-ministros e ex-presidentes.
Corrêa admite que recebeu propina de quase 20 órgãos do governo ao longo da vida política. Ele relata casos envolvendo outros delatores, como o ex-senador Delcídio Amaral.
Indicação
Segundo ele, o então presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, teria dito a Lula que não era da tradição da estatal preencher cargos por indicação política. Mas Lula ordenou a nomeação de Paulo Roberto Costa para a Abastecimento - primeiro bolsão de propinas instalado na Petrobras, segundo a Lava-Jato.
Em um dos depoimentos, de acordo com "Veja", parlamentares do PP foram reclamar com Lula sobre o avanço do PMDB nas propinas que eram pagas à diretoria de Abastecimento, cota do partido no esquema de corrupção na Petrobras. Na ocasião, o petista teria dito aos deputados do PP que eles estavam "com as burras cheias de dinheiro" e que também tinha que "atender os outros aliados".
Com a ordem de Lula para que os partidos se entendessem, Corrêa disse ter se reunido com membros do PMDB para tratar da partilha. Um dos primeiros procurados "para buscar o melhor entendimento na arrecadação" teria sido o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), acompanhado do deputado federal cearense Aníbal Gomes. Ele fez a mesma coisa com o presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha (RJ), e o senador Romero Jucá (RR).
Chantagem
Segundo Corrêa, o PMDB cobrou para manter o apoio à permanência de Paulo Roberto Costa e de Nestor Cerveró - que na época também era diretor da Petrobras. Foi cobrada uma propina de US$ 18 milhões, que deveria ser paga a tempo de financiar a campanha eleitoral daquele ano - 2006. O partido recebeu US$ 6 milhões.
O ex-deputado disse que o atual ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, ficava com parte de tudo o que era arrecadado pelo esquema do PMDB. Eduardo Cunha também teria recebido parte dos US$ 6 milhões.
Já em relação à presidente afastada Dilma Rousseff, Pedro Corrêa teria afirmado que a petista se reuniu com Paulo Roberto Costa em 2010 e teria pedido "apoio financeiro".
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes, segundo o delator, teria recebido dinheiro do Mensalão quando ainda exercia mandato de deputado pelo PP. Nardes foi o relator das contas de Dilma no TCU e o primeiro a votar pela rejeição das "pedaladas fiscais" que foram usadas como justificativa para o processo de impeachment aberto no Congresso.
O presidente do PSDB Aécio Neves (MG) foi citado, mais uma vez, como suposto destinatário de propina em uma obra da estatal de energia Furnas. À revista, o tucano alegou que o assunto já foi arquivado pela PGR e classifica a citação como "absurda e mentirosa".
Paulo Maluf aparece pela primeira vez citado na Lava-Jato como destinatário de R$ 20 milhões de propinas na Petrobras para, supostamente, atrapalhar as eleições para a Prefeitura de São Paulo em 2004.
O ex-deputado também diz que o ex-ministro e senador Edison Lobão (MA), teve participação nos contratos com empreiteiras e atribui ao atual secretário de governo, Geddel Vieira Lima (BA), a indicação do senador cassado Delcídio Amaral, na época do PT, para ocupar uma diretoria da Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso. No relato, ele afirma que Delcídio cobrava propina de empresas com negócios na diretoria que comandava e repassava parte do dinheiro para o PMDB e PP.
Segundo a revista, o ex-deputado diz que o ex-ministro Alexandre Padilha (PT-SP), o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM), o ex-ministro José Dirceu, o deputado José Guimarães (PT-CE) se beneficiaram de propina.
Ele também cita outros políticos que, segundo ele, tinham conhecimento de pagamento de propina ou envolvimento em atos ilícitos como Aldo Rebelo (PCdo B - SP), o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT-SP), o ex-ministro Jaques Wagner (PT-BA), a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB-MA) e o senador Valdir Raupp (PMDB-RO).
Outro lado
Segundo o Instituto Lula, condenado a mais de 20 anos de cadeia, Corrêa "aceitou negociar com o Ministério Público Federal uma narrativa falsa envolvendo o ex-presidente", para não cumprir essa pena. Já Renan divulgou nota afirmando que "não se reuniu com Pedro Correa". Aécio repudiou as afirmações do ex-deputado. "O PSDB e o seu presidente repudiam veementemente a repetição das mesmas antigas e falsas acusações", diz nota da sigla. Os demais acusados também negaram as acusações ou disseram já estar colaborando com as investigações.
Fonte: Diário do Nordeste
Áudios mostram que partidos financiaram MBL em atos pró-impeachment
O MBL (Movimento Brasil Livre), entidade civil criada em 2014 para combater a corrupção e lutar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), recebeu apoio financeiro, como impressão de panfletos e uso de carros de som, de partidos políticos como o PMDB e o Solidariedade.
O movimento negociou também com a Juventude do PSDB ajuda financeira a suas caravanas, como pagamento de lanches e aluguel de ônibus, e teria tido apoio da "máquina partidária" do DEM.
Quando fundado, o movimento se definia como apartidário e sem ligações financeiras com siglas políticas. Em suas páginas em redes sociais, fazia campanhas permanentes para receber ajuda financeira das pessoas, sem ligação com partidos.
Os coordenadores do movimento, porém, negociaram e pediram ajuda a partidos pelo menos a partir deste ano. Atualmente, o MBL continua com as campanhas de arrecadação nos seus canais de comunicação, mas se define como "suprapartidário". Aliás, a contribuição financeira concedida é vinculada ao grau de participação do doador com o movimento. A partir de R$ 30, o novo integrante pode ter direito a votos.
Já os partidos políticos que teriam contribuído com o MBL têm versões distintas para explicar o caráter e a forma desses apoios, chegando em alguns casos a negá-los. Conheça cada caso.
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