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sábado, 2 de fevereiro de 2019

Rombo da Previdência cresce 3,2%; soma total foi de R$ 195,2 bilhões em 2018

Foto: Reprodução / EBC

O rombo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) registrou crescimento de 3,2% em 2018 em comparação com 2017, considerado dados corrigido pela inflação. De acordo com a Folha de S. Paulo, as despesas da Previdência Social superaram a arrecadação em R$ 195,2 bilhões, sendo que em 2017 o déficit foi de R$ 182,4 bilhões. Sem considerar a inflação, a alta, portanto, foi de 7,0%.

A previsão para 2019 é de que o rombo chegue aos R$ 218 bilhões no INSS, segundo o governo.

O déficit foi divulgado pelo Tesouro Nacional nesta terça-feira (29), e se refere ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS), que inclui as contas de aposentadorias, pensões e auxílios a trabalhadores da iniciativa privada.

Ceará tem segunda maior redução no Bolsa Família em um ano

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Corte de quase 21 mil benefícios de dezembro para janeiro, após "pente-fino" do novo Governo Federal, pode impactar negativamente em setores como Educação, Saúde e até Segurança Pública, dizem especialistas

Atualmente, o valor médio destinado às famílias no Estado é de R$ 187, variando de acordo com o município e a demanda de cada grupo beneficiário.

Os números importam, apesar de a realidade ir muito além deles. Se o bloqueio de um benefício do Bolsa Família (BF) já torna incertos o alimento e a realidade de várias pessoas, 20.905 pagamentos cortados de um mês para o outro têm impacto certo. Essa foi a diferença na folha de pagamento do Governo Federal aos cearenses entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, logo após a posse da nova Presidência - a maior redução desde abril do ano passado.

A diminuição de 1.067.409, em dezembro, para 1.046.504 famílias recebendo o benefício nos 184 municípios do Estado neste mês fica atrás apenas dos 21.875 pagamentos cortados pelo Governo Temer de março para abril. Atualmente, o valor médio destinado às famílias no Estado é de R$ 187, variando de acordo com o município e a demanda de cada grupo beneficiário.


Os reflexos negativos dos cortes, ao contrário da cobertura, tendem a aumentar - impactando áreas como Economia, Saúde, Educação e até Segurança Pública. De acordo com estudo inédito realizado em todos os municípios brasileiros pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as taxas de homicídio e de hospitalizações por agressões tendem a diminuir em locais onde a cobertura do programa é ampla e contínua. No Ceará, a redução nas taxas foi de até 35% entre os municípios com 70% ou mais da população recebendo o auxílio, entre 2004 e 2012.

Homicídios

"Embora a taxa de homicídio no Ceará tenha dobrado no período analisado, de 20,5 para 44 a cada 100 mil habitantes, fica evidente que se não houvesse a alta cobertura do Bolsa Família, o número de óbitos teria sido ainda maior", sentencia a doutora em Epidemiologia e Saúde Coletiva e pesquisadora principal do estudo, Daiane Machado. Segundo a psicóloga, as localidades do Estado com cobertura mais estável do programa federal reduziram as taxas de homicídio em 4% no primeiro ano, 13% no segundo, 31% no terceiro e 35% no quarto ano de pagamento contínuo.

O levantamento da Fiocruz monitorou as taxas de homicídios e internações por violência durante nove anos, considerando também "variáveis que a literatura indica como associadas à violência como baixa escolaridade, renda, taxa de policiamento e disponibilidade de armas", para verificar a associação com o BF.

"Educação é uma das condicionalidades para a família ser beneficiada. Quando a criança fica na escola, diminui a exposição a situações de violência, deixa de estar nas ruas e, além disso, aumenta as chances de, quando adulta, conseguir emprego e aumentar renda. Estudos internacionais mostram que, quanto maior a escolaridade, menor o envolvimento com o crime", ressalta a pesquisadora, definindo a tendência de cortes no programa social como "lamentáveis, principalmente em se tratando de pessoas em situação de vulnerabilidade", afirma Daiane.



As famílias precisam desse recurso até para sustentar crianças na escola. O Bolsa Família tirou muitas crianças, adolescentes e até jovens da rua. Nosso receio é que, por falta de oportunidades, eles voltem, e que as taxas de hospitalizados e de homicídio aumentem".



Sustento

A importância do programa federal, apesar do valor considerado baixo, é reconhecida até hoje pela dona de casa Josélia Melo, 34, que fez malabarismo com os R$ 102 que recebia mensalmente para auxiliar na criação da filha, hoje com 9 anos de idade.

"Faz três anos que deixei de receber, porque arranjei um emprego e deixei a vaga pra quem precisasse mais do que eu. Só que agora, eu fiquei desempregada, então solicitei de novo e estou esperando. Com certeza a bolsa era fundamental, porque eu reverti o dinheiro todo em prol da minha filha, com roupa, alimentação e material escolar, pra ela continuar estudando", lista Josélia, que, mais do que nunca, "sente falta de um dinheirinho certo todo mês".

Resposta

A redução nos pagamentos do Bolsa Família no Ceará e no País, de acordo com o Ministério da Cidadania, é registrada devido a "oscilações, movimentos de entrada e saída de famílias, que fazem com que o total da folha de pagamentos do programa nunca seja o mesmo quando comparado mensalmente". Além disso, "as manutenções dos benefícios e, por conseguinte, os cancelamentos estão relacionados aos procedimentos de averiguação e revisão cadastrais, fiscalização, desligamentos voluntários, descumprimento de condicionalidades ou superação das condições necessárias para a permanência no Bolsa Família", explicou a Pasta.

Uma dessas "condicionalidades", compromisso assumido pela família ao ingressar no programa, é a permanência da criança ou adolescente em sala de aula. Conforme ressalta a Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (Senarc), "a frequência escolar mensal deve ser de, pelo menos, 85% para crianças e adolescentes de 6 a 15 anos, e de 75% para jovens de 16 e 17 anos". Do total de beneficiários com frequência escolar acompanhada no período, 95% cumpriram as metas exigidas.

Em relação à saúde, as famílias precisam manter em dia o calendário de vacinação das crianças menores de 7 anos, além de levá-las ao posto de saúde para que tenham o crescimento monitorado. Para as gestantes, é necessário fazer o pré-natal.

O Ministério da Cidadania, porém, não respondeu quando questionado sobre as mudanças previstas para o programa já a partir deste ano, sinalizadas pelo ministro Osmar Terra pouco depois da posse, no início de janeiro; e que apontam para uma minimização do programa federal na nova gestão. Sobre a possível redução do número de beneficiários no Ceará e intensificação dos cortes, a Pasta também não deu resposta.


Por Theyse Viana 
DN

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