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quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Braga Netto tem sigilo telefônico quebrado em operação da PF

 Ex-ministro-chefe da Casa Civil foi o interventor federal na segurança do Rio de Janeiro em 2018.


O general Walter Braga Netto, ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro (PL), teve o sigilo telefônico quebrado pela Polícia Federal (PF) no âmbito da operação que investiga a suspeita de corrupção na compra de coletes balísticos durante a intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018. Na época, o militar foi o interventor na segurança pública do estado.

Na manhã desta terça-feira (12), a PF faz buscas em 16 endereços como parte da Operação Perfídia. A ação é a etapa mais recente da apuração sobre a compra de coletes balísticos pelo governo Michel Temer durante a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro.

O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou indícios de conluio e superfaturamento na ordem de R$ 4,6 milhões. O contrato, sem licitação, foi firmado pelo Gabinete de Intervenção Federal para a compra de 9.360 coletes. O valor global do negócio foi de 9,4 milhões de dólares (R$ 46,35 milhões).

Os policiais cumprem os mandados no Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Distrito Federal em endereços ligados a ex-integrantes do gabinete da intervenção. A PF afirma que o material foi comprado com sobrepreço de uma empresa americana, a CTU Security LLC, em 2018. O inquérito teve início a partir de uma cooperação com autoridades dos Estados Unidos.

– As autoridades americanas descobriram o crime no curso da investigação americana sobre assassinato do presidente haitiano Jovenel Moise em julho de 2021, na qual a empresa CTU Security LLC ficou responsável pelo fornecimento de logística militar para executar e derrubar Moises e substituí-lo por Christian Sanon, um cidadão americano-haitiano – diz o comunicado da PF.

Além da contratação, a Operação Perfídia investiga duas empresas brasileiras especializadas no comércio de proteção balística. Elas têm inúmeros contratos com o poder público, segundo a PF, e são suspeitas de cartel. Os investigados podem responder por crimes como patrocínio de contratação indevida, dispensa ilegal de licitação, corrupção ativa e passiva e organização criminosa.

*AE

Elixir "milagroso": interesse da medicina asiática por colágeno de jumento aumenta abate de animais no Nordeste


Na voz de Luiz Gonzaga, nos cordéis ou nas artes plásticas, o jumento é retratado como protagonista da trajetória nordestina. Tal relevância histórica e social, no entanto, não garante a sua proteção: a espécie corre perigo.

No acumulado de 2023 até setembro, 19.978 asininos foram abatidos no país, segundo dados da Plataforma de Gestão Agropecuária do Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal disponibilizados pelo Ministério da Agricultura. Desde 2017, o número se aproxima dos 200 mil, o equivalente a 50% da população de jumentos, burros e mulas.

A atividade, regulamentada em 2016 no país, tinha como objetivo minimizar os impactos gerados pela alta taxa de abandonos de jumentos nas zonas rurais nordestinas. Com a disseminação do uso de motocicletas no campo, os animais perderam utilidade e passaram a ser abandonados por seus proprietários.

Em paralelo, os abates também suprem a demanda chinesa por carne e couro da espécie. O interesse está relacionado à fabricação de ejiao, fármaco popular na medicina tradicional asiática — tratado como um “elixir milagroso” — produzido a partir da extração do colágeno de jumento. O produto gelatinoso promete retardar o envelhecimento, prevenir tumores e impotência sexual e pode ser encontrado virtualmente por US$ 120 (cerca de R$ 590).

Nesse cenário, a diminuição significativa da população de jumentos colocou em alerta ativistas da causa animal. Recentemente, manifestantes de diversas cidades se mobilizaram para pedir o fim da atividade, que, segundo eles, compromete a espécie nativa e um patrimônio genético único.

Yuri Fernandes, coordenador jurídico da Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, afirma que, ainda que a prática não seja ilegal, fere os artigos 32 e 225 da Constituição brasileira, que criminalizam a crueldade animal e vetam atividades que possam levar uma espécie à extinção.

Diferentemente da pecuária suína e bovina, não existe uma cadeia de produção de jumentos destinados exclusivamente ao abate. Sem a renovação da manada, a cada ciclo, novos animais são recolhidos de diferentes estados e encaminhados aos frigoríficos. Patricia Tatemoto, representante da The Donkey Sanctuary na América do Sul, afirma que os processos têm sido violados fora e dentro dos abatedouros.

Fonte: O Globo

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