A crise causada pelo avanço do coronavírus no Ceará resultou na demissão de pelo menos cinco mil trabalhadores do setor de bares e restaurantes no Ceará, segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Ceará (Abrasel-CE), Rodolphe Trindade.
Na quinta-feira (19), o Governo do Estado publicou um decreto proibindo o funcionamento de estabelecimentos comerciais como bares e restaurantes, o que agravou a situação dos estabelecimentos associados à Abrasel.
O Ceará tem 68 da Covid-19, doença causada pelo coronavírus e que é facilmente transmitida entre as pessoas. Por conta do risco, autoridades recomendam que as pessoas fiquem em casa. Em todo o Brasil, são mais de 900 casos da doença e 11 mortes.
"Pode ter muita gente demitida. Em Pernambuco, mais de seis mil demissões. No Ceará, não estamos muito longe, entre cinco e seis mil demissões no nosso setor em dois ou três dias. É muito grave a situação econômica e isso reflete em tudo", diz Trindade.
Pedido de ajuda - Para cobrar medidas e tentar reverter a crise no setor, a Abrasel-CE enviou ao Governo do Estado um ofício com pleitos como o adiamento temporário do pagamento de todos os impostos estaduais, sem multa ou juros, por 120 dias, e parcelamento posterior pelo mesmo prazo, para todas as empresas do segmento, inclusive dos 40% referente à parte do Estado no imposto do Simples Nacional, previsto em normativa para estado de calamidade.
A Abrasel também solicitou as seguintes mudanças:
** Retorno da base percentual de cálculo de ICMS para empresas do regime normal de 2,12%;
** Adiamento por 120 dias e parcelamento posterior pelo mesmo prazo;
** Postergar os prazos para entrega de obrigações fiscais e contábeis;
** Suspensão dos prazos para a prática de atos processuais no âmbito da Secretaria de Fazenda pelo prazo de 120 dias.
"Mandamos uma carta ao governador pedindo certos pleitos que estamos precisando de apoio ao setor. Se a gente continuar desse jeito, teremos três milhões de desempregados em 30 dias no país. Então a gente vai ter que tomar muito cuidado. Grande parte das empresas é pequeno e médio porte. São empresas que não têm solidez econômica. Cerca de 97% das empresas estão nesse regime, então elas não têm caixa", acrescenta Trindade.
A Abrasel ainda pede apoio para demandas que não dependem do Governo Estadual, como a garantia da licença de colaboradores sem remuneração por até 90 dias e a postergação de impostos relativos à folha de pagamento por 90 dias.
Segundo o ofício, há solicitação de apoio nas negociações para suspensão e/ou redução, enquanto durar a pandemia, das taxas/cobranças nos serviços de energia elétrica.
Dando o exemplo: Globo afasta jornalistas com mais de 60 e tira Chico Pinheiro e Tramontina do ar
A pandemia do novo coronavírus obrigou a Globo a tomar mais uma medida drástica. A partir deste sábado (21), todos os profissionais do jornalismo com mais de 60 anos serão afastados do trabalho de campo ou das redações. A decisão afeta apresentadores importantes, como Chico Pinheiro (66 anos), do Bom Dia Brasil, Carlos Tramontina (63), do SP2, e Leilane Neubarth (61), da GloboNews.
A medida, confirmada pela Comunicação da Globo, vale também para quem não aparece no vídeo, como cinegrafistas, editores e produtores. Esses profissionais deverão se manter confinados em suas casas. Se puderem, trabalharão em home office ou farão reportagens ou entradas ao vivo por meio de conexões de internet.
Também estão no grupo dos afastados a repórter especial Zileide Silva (61), apresentadora do Jornal Hoje aos sábados, os comentaristas Miriam Leitão (66) e Carlos Sardenberg (72), e repórteres e correspondentes veteranos, entre eles Alberto Gaspar (62) e Jorge Pontual (72).
O Notícias das TV também apurou que profissionais com menos de 60 anos, mas com alguma comorbidade, poderão se afastar do vídeo. É o caso de José Roberto Burnier (59), apresentador do matinal Em Ponto, da GloboNews, que tratou um tumor na base da língua no ano passado. Ana Luiza Guimarães (53), que também teve câncer, já deixou de frequentar as instalações da Globo no Rio de Janeiro.
A decisão de Ali Kamel, diretor-geral de Jornalismo, não abrange profissionais do Esporte, mas estes já estão com suas atividades prejudicadas por causa da interrupção das competições. O hipertenso Galvão Bueno (69) já não apresentou o Bem, Amigos (SporTV) na última segunda (16). Foi substituído por Milton Leite (61).
O objetivo da Globo é proteger profissionais mais suscetíveis ao novo coronavírus. As estatísticas mostram que a mortalidade aumenta a partir dos 60 anos. Entre os que têm entre 60 a 69 anos, a taxa é de 3,6 mortes a cada 100 infectados. Fatores como câncer, diabetes e hipertensão aumentam os riscos --em todas as idades.
A medida obrigará a Globo a mexer ainda mais nas escalas de apresentadores. No começo da semana, a emissora já tinha alterado os plantões do Jornal Nacional. Primeiro, cancelou o rodízio de âncoras de afiliadas de todo o país. Depois, afastou temporariamente da bancada do principal telejornal profissionais de São Paulo (Maria Júlia Coutinho, César Tralli e Rodrigo Bocardi) e Brasília (Giuliana Morrone), que têm de se deslocar até o Rio de Janeiro para fazer o JN.
Dessa forma, a emissora evita que esses jornalistas se exponham ao risco em aviões e saguões de aeroportos, como ocorreu com Marcelo Magno, da Globo do Piauí, internado em estado grave, respirando por aparelhos. No dia 8, ele permaneceu mais de nove horas no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, após apresentar o JN na véspera.
Com as mudanças, Chico Pinheiro voltou a ser escalado para ancorar o Jornal Nacional, depois de mais de um ano afastado. Isso não vai mais acontecer. Com seu afastamento, Ana Paula Araújo deverá apresentar o Bom Dia Brasil sozinha. Em São Paulo, Carlos Tramontina costuma ser substituído no SP2 por César Tralli e por Michelle Barros.
Leilane Neubarth apresentaria neste domingo, a partir das 18h, uma maratona de seis horas de cobertura dedicada ao novo coronavírus. A Globo ainda não divulgou quem ocupará seu lugar.
Na dramarturgia, todos os atores e diretores com mais de 60 anos já estão afastados do trabalho. Na segunda-feira, a Globo tomou a mais drástica das decisões até agora ao cancelar as gravações de todas as novelas, séries e minisséries. Programas de auditório, como o Domingão do Faustão e Altas Horas, passarão a exibir reprises.
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