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quinta-feira, 2 de junho de 2016

Crises do governo Temer fazem senadores reavaliarem impeachment


As turbulências do governo interino de Michel Temer (PMDB) enfraqueceram o apoio de senadores ao impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.
No atual cenário, considerado imprevisível pelos congressistas, cresce a expectativa por novas eleições, e um eventual aceno de Dilma pela convocação de novo pleito ajudaria indecisos a optarem por garantir o seu mandato.
"A volta dela assusta todo mundo, pela inconsequência, pela irresponsabilidade", observou Cristóvam Buarque (PPS-DF), que aprovou a abertura do processo e ainda não declarou posição final.
"E se ela propuser eleição direta, o que já devia ter feito uma ano atrás? E se ela acenar para a oposição? O jogo não está decidido, não."
Acir Gurgacz (PDT-RO), que votou a favor e agora admite reavaliar a posição, disse que a crise no governo Temer "influenciará não só a minha opinião, como a da maioria". Se mantido o ritmo de tropeços do interino, o placar da admissibilidade pode "quase se inverter", afirmou.
Em 21 dias, dois ministros caíram, houve uma avalanche de críticas pela falta de diversidade no alto escalão, além de desmentidos que Temer foi forçado a fazer.
Mesmo aqueles que se mantêm pela saída de Dilma admitem dificuldades, dada a margem apertada no Senado.
O processo de impeachment foi aberto com 55 votos favoráveis, 22 contrários, três ausências e uma abstenção. Para que seja aprovada a cassação de Dilma, serão necessários 54 votos.
O senador Alvaro Dias (PV-PR), que mantém o voto a favor da saída de Dilma, reconhece que "as turbulências [no governo Temer] vão provocando temeridade".
"Estamos em cima do fio da navalha", afirmou Lasier Martins (PDT-RS). "A inclinação é mínima de um lado ao outro, vai se decidir com uma diferença de dois votos."
Martins defende a cassação da chapa de Dilma e Temer para a convocação de nova eleição. "Agora, quando vejo o ministro Gilmar Mendes [presidente do Tribunal Superior Eleitoral] visitar Temer no sábado (28) à noite, eu fico desconfiado. Que confiança a gente vai ter de que haja andamento de um processo criminal eleitoral?"
NOVAS ELEIÇÕES
Nesta quarta-feira (1º), começou a tramitar no Senado nova PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que prevê a realização de plebiscito durante as eleições municipais sobre um novo pleito para presidente e vice. O autor,Walter Pinheiro (sem partido-BA), diz ter apoio de 32 senadores.
Pelo texto, o TSE convocaria novas eleições em 30 dias se essa proposta obtiver a maioria absoluta no plebiscito. O mandato dos eleitos acabaria em 2018.
O petista Paulo Paim apoia uma nova eleição, como forma de se fazer "um grande pacto". O senador observou que "é inegável que o clima é de intranquilidade" quanto à permanência de Temer.
Presidente do PSB, Carlos Siqueira relativizou o impacto dos tropeços de Temer.
"Vivemos em clima de areia movediça, ninguém pode ter segurança absoluta. Queremos e torcemos para que Temer possa ter a força necessária."
ROMÁRIO
Também nesta quarta, o senador Romário (PSB-RJ), que votou pela admissibilidade do processo de impeachment, renunciou à vaga de titular na comissão especial que analisa o caso e criticou o início da gestão Temer. Ele alegou ter outras funções a cumprir na Casa e disse não ter posição definida sobre o julgamento final de Dilma. Romário será substituído por Lúcia Vânia (PSB-GO).

Polícia Federal prende 13 suspeitos de fraude na CEF


Uma operação da Polícia Federal (PF), intitulada “Operação Caixa Preta”, resultou na prisão de 13 pessoas, todas elas em Fortaleza, suspeitas de participar de um esquema fraudulento contra a Caixa Econômica Federal, de onde foram desviados mais de R$ 50 milhões. A ação foi realizada nesta quarta-feira, 1º, e contou com a participação de 110 policiais, que investigaram o crime financeiro ocorrido entre os anos de 2012 e 2014, e que foi denunciado após auditoria feita pelo banco.
Foram expedidos ontem 38 mandados pela 32ª Vara da Justiça Federal: 15 de prisão temporária e 23 de busca e apreensão, sendo um em Recife (PE). Em Fortaleza, acredita-se que os suspeitos agiam, inicialmente, aliciando pessoas para integrar o quadro societário de empresas de fachada.
De acordo com a PF, o esquema funcionava através da realização de empréstimos fraudulentos protagonizado por agentes públicos do banco, empresários, contadores e “laranjas”.
Inicialmente, a CEF havia detectado irregularidades em 14 contratos, conforme informou o delegado Gílson Mapurunga da Costa. Mas o número é bem maior e hoje a contagem chega a 409.
Ainda segundo o delegado, além dos 409 contratos fraudulentos, 114 empresas teriam sido diretamente beneficiadas pelos empréstimos. Muitas delas associadas à construção civil.
Mapurunga disse em entrevista coletiva concedida na tarde desta quarta que “a maioria [das empresas beneficiadas] nem existia”. O delegado falou também que o esquema era facilitado por dois gerentes da Caixa, que concediam os empréstimos ignorando notas básicas e garantias do banco.
“Conseguidos os empréstimos, os valores eram imediatamente sacados ou transferidos para outras empresas. Em alguns casos, eram utilizados para viabilizar o pagamento de prestações menores para, com isso, conseguir maiores”, disse Mapurunga.
Não foi passada a identificação dos 13 presos durante a operação da Polícia Federal, mas foi passado que dois deles eram gerentes da Caixa Econômica. Desses, um já havia sido detido em uma fase da Operação Fidúcia, realizada em 2015 e que também investigou fraudes em empréstimos da Caixa Econômica Federal.
Mapurunga frisou, entretanto, que, na operação de agora, “são outros grupos empresariais sem nenhuma ligação com os capturados na Fidúcia”.
Os suspeitos responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso, peculato, corrupções ativa e passiva, crime financeiro, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Dois deles, associados aos grupos empresariais, continuam foragidos. A Polícia Federal não descarta haver mais envolvidos.
CNews

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