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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Caixa 2 para Lula foi definido em reunião com Queiroz Galvão, diz dono da UTC

Em sua delação premiada, o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, afirmou que as empreiteiras Queiroz Galvão, IESA e Camargo Corrêa tomaram conhecimento e aceitaram pagar, junto com a sua empresa, R$ 2,4 milhões de caixa 2 para a campanha à reeleição do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

Segundo o empreiteiro, o pedido de doação "não oficial" partiu do então tesoureiro da campanha petista José de Filippi Junior, ex-secretário de Saúde do município de São Paulo para a empreiteira Queiroz Galvão, então líder do consórcio QUIP, responsável pela construção da plataforma P53 da Petrobras junto com a Camargo Corrêa, IESA e UTC.

A solicitação, então, foi discutida em uma reunião com representantes das quatro empresas, incluindo Pessoa representando a UTC. "O atendimento da solicitação (de dinheiro vivo para a campanha de Lula) foi aprovado pelo conselho da QUIP, em uma reunião entre o declarante (UTC), Ildefonso Colares (então presidente da Queiroz Galvão), Valdir Carreiro (executivo da Iesa) e Camerato (executivo da Camargo Corrêa)", relatou o dono da UTC aos investigadores.

No encontro teria ficado definido que Pessoa seria o responsável por operacionalizar os repasses em espécie "em razão de sua proximidade com Filippi e da facilidade logística pelo fato de ambos estarem em São Paulo". Ainda de acordo com o delator, os recursos do caixa 2 vieram do dinheiro recebido pelo consórcio pelas obras da P53 "mediante a utilização da empresa Quadrix, no exterior".

O dinheiro foi supostamente entregue a Pessoa por um representante do consórcio QUIP na UTC e, a partir daí, teriam sido feitas três entregas diretamente a Filippi no comitê de campanha de Lula na Av. Indianópolis, na zona sul da capital paulista, totalizando os R$ 2,4 milhões. Pessoa disse que fez duas entregas pessoais a Filippi e que seu funcionário Walmir Pinheiro fez a terceira.

Na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral, constam quatro doações oficiais da UTC para o comitê da campanha presidencial petista totalizando R$ 1,2 milhão, valor que o próprio Pessoa admitiu em sua delação ter repassado oficialmente para a campanha petista sem relação com o caixa 2 envolvendo o esquema de corrupção na Petrobras.

Defesas
O PT e a assessoria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quiseram comentar o caso. A Camargo Corrêa e a UTC não responderam aos contatos da reportagem - que não localizou representantes da Iesa para comentar o caso.

A Queiroz Galvão por meio de nota, afirmou que "as atividades da companhia são pautadas pelo respeito aos padrões internacionais de ética corporativa".

Em resposta, José de Filippi Junior disse: "não solicitei a qualquer pessoa que pedisse ou retirasse qualquer quantia em dinheiro em meu nome. Todas as contribuições de campanha política que solicitei ao senhor Ricardo Pessoa foram recebidas formalmente via Transferência Eletrônica Direta (TED) e devidamente registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral".

Filippi refutou "veementemente" todas as acusações que Ricardo Pessoa dirigiu a ele e disse que "ao longo de mais de 20 anos" ocupando "cinco mandatos populares" jamais solicitou ou recebeu "vantagens indevidas nos cargos que exerceu". O ex-prefeito de Diadema finalizou dizendo estar "à disposição das autoridades competentes para prestar os devidos esclarecimentos"..lindomarrodrigues.com

Polícia Federal faz buscas em casas de Cunha e de dois ministros do PMDB

Com ordem do Supremo Tribunal Federal(STF), a Polícia Federal deflagrou, no início da manhã desta terça-feira (15), a Operação Catilinárias, em que faz buscas e apreensões na residência oficial do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, em Brasília e na casa do parlamentar no Rio de Janeiro.

Cunha é acusado por corrupção e lavagem de dinheiro pela Procuradoria-Geral da República, nas investigações da OperaçãoLava Jato.

Eduardo Cunha foi denunciado pela PGR em agosto. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) em que acusa o deputado de ter recebido propina no valor de pelo menos US$ 5 milhões para viabilizar a construção de dois navios-sondas da Petrobras, no período entre junho de 2006 e outubro de 2012.

Outras buscas

A operação da PF também tem outros alvos. A ação faz buscas na casa do deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), apontado como interlocutor do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nos desvios da Petrobras; do senador Edison Lobão (PMDB-MA) e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, também investigados no Supremo pela Lava-Jato.

Ainda não há informações sobre prisões da operação Catilinárias, que se restringe a autoridades políticas com foro privilegiado. As Catilinárias são discursos célebres do orador romano Cícero contra um senador que planejava tomar o poder.

Procedimento demorado

Cunha foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao STF pelo susposto recebimento de propina ligada a desvios na Petrobras há cerca de quatro meses, mas o STF ainda não decidiu se acolhe ou não as denúncias. Sem o acolhimento, Cunha não é réu, somente investigado.

Há algumas explicações para a demora no STF. A primeira e mais determinante é que, no Supremo, há uma tradição, prevista no Regimento Interno do tribunal, de que o ministro relator do inquérito abra prazo de 15 dias para manifestação do político antes de decidir sobre a denúncia.

Ao prazo concedido à resposta prévia somam-se iniciativas tomadas pela defesa do parlamentar no STF. Seus advogados solicitaram, por exemplo, que o tribunal concedesse um prazo em dobro para a manifestação prévia, de 15 para 30 dias.

Como Teori recusou a ampliação, teve que submeter o pedido ao plenário do STF, gerando mais demora. Em setembro, a maioria dos ministros contrariou o relator e decidiu pelo dobro do prazo.

A terceira explicação para a demora se deve à própria Procuradoria. Mais de dois meses após a denúncia, o órgão fez um aditamento, dizendo que Cunha também se beneficiara indevidamente de voos de táxi aéreo como pagamento de propina. Assim, a defesa conseguiu mais prazo para a defesa prévia, com prazo novamente dobrado.

A Procuradoria já manifestou preocupação sobre o andamento do inquérito. A respeito de um pedido da defesa de Cunha para ter acesso à íntegra de documentos usados como prova, o procurador-geral da República em exercício, Eugênio Aragão, pediu a Teori que indefira pedidos "de natureza manifestamente protelatória".

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