O ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou em seus depoimentos na delação premiada que fechou com a Procuradoria-Geral da República na Lava Jato que arrecadou e pagou mais de R$ 70 milhões desviados da estatal para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR), para o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP), entre outros líderes do PMDB.
As informações foram reveladas pelo jornal ‘O Globo’ nessa sexta-feira, 3 e confirmadas pelo ‘Estado’ com investigadores que atuam no caso.
A soma mais expressiva, R$ 30 milhões, foi destinada a Renan, o principal responsável pela indicação de Machado para a presidência da Transpetro, subsidiária da Petrobrás e maior empresa de transporte de combustível do País.
A delação foi homologada no dia 24 de maio pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki e, com isso, pode ser utilizada para novas investigações e até complementar as investigações já em curso da Lava Jato. O filho de Machado, Expedito Machado, também fez acordo de delação premiada. Conforme investigadores, ele atuava como operador financeiro do esquema de corrupção.
Renan indicou Machado para a presidência da Transpetro em 2003, no início do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e manteve apoio para a permanência dele no cargo até ano passado, mesmo depois de ter sido acusado por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, de receber propina.
Sarney também recebeu uma soma significativa, conforme a contabilidade do ex-presidente da Transpetro. Machado disse que repassou aproximadamente R$ 20 milhões para o ex-presidente durante o período que esteve à frente da estatal.
Romero Jucá, que ficou uma semana como ministro do Planejamento do governo do presidente em exercício Michel Temer, teria sido destinatário de quantia similar a de Sarney, cerca de R$ 20 milhões. Machado disse ainda que abasteceu também contas dos senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Jader Barbalho (PMDB-PR).
O ex-presidente da Transpetro também teria falado sobre as somas repassadas aos padrinhos políticos dele e, como se não bastasse, indicou os contratos e os caminhos percorridos pelo dinheiro até chegar aos destinatários finais. Todos os políticos citados por Machado negam o recebimento de valores ilícitos.
Flanelinhas. Prejuízo e medo para consumidores e empresários
Em cada quarteirão, uma sentença. R$ 2, R$ 10, R$ 20 são os valores da extorsão. Em dia movimentado, fica ainda mais caro. Por medo, o cidadão paga. O prejuízo é de consumidores e empresários.
Você sai para encontrar uns amigos. Pega o carro e segue até o restaurante ou casa de shows. Espera curtir a noite, se divertir. Mas o périplo está só começando. Torce o pescoço olhando para todas as direções em busca de uma vaga. Ao encontrá-la, esbarra com um guardador de carros, o popular “flanelinha”. Ele pede R$ 20 adiantados. Isso registrado num pequeno papel. Você é coagido. Entrega o dinheiro a contragosto. Teme que seu veículo não esteja inteiro quando voltar. Cede à extorsão.
A narrativa é uma triste realidade de quem deseja se divertir nas noites de Fortaleza e usa o carro como meio de transporte. A situação chega a ser endêmica em corredores culturais e de entretenimento da Capital. Nos entornos do Dragão do Mar, por exemplo, há quase sempre uma pessoa próxima, em áreas de estacionamento público. Cada quarteirão, uma sentença. R$ 2, R$ 5, R$ 10, R$ 20 ... Vai depender do dia da semana, do horário ou se o flanelinha te achou “legal” ou não.
A narrativa é uma triste realidade de quem deseja se divertir nas noites de Fortaleza e usa o carro como meio de transporte. A situação chega a ser endêmica em corredores culturais e de entretenimento da Capital. Nos entornos do Dragão do Mar, por exemplo, há quase sempre uma pessoa próxima, em áreas de estacionamento público. Cada quarteirão, uma sentença. R$ 2, R$ 5, R$ 10, R$ 20 ... Vai depender do dia da semana, do horário ou se o flanelinha te achou “legal” ou não.
“Tem um cidadão que cobra R$ 10 no sábado para estacionar num local que é público. Quando passa das 22h, ele sobe para R$ 20”, destaca João Barbosa Peixoto, proprietário de um bar próximo ao Centro Cultural. O referido espaço fica debaixo do nariz da Polícia Militar, lotada em um posto do Programa Ceará Pacífico.
A ação dos flanelinhas causa insegurança na clientela. E os lucros, afirma, poderiam ser superiores se eles não estivessem nos arredores. “As pessoas não param aqui por medo. Se não permanecessem próximos, ganharia mais com a venda de lanches”, lamenta o comerciante. Prejuízo também contabiliza Mariana Teixeira gerente de um restaurante próximo ao Centro Cultural. O movimento da casa, segundo ela, é reduzido pelo medo. “As pessoas se afastam por causa da agressividade dos flanelinhas”.
Outro ponto disputado é a Avenida Zezé Diogo, na Praia do Futuro. Barracas em quase toda sua extensão, prato cheio para a ação dos flanelinhas. A lógica é a mesma: quanto mais tarde (e apressado você estiver), mais caro será o valor para estacionar seu veículo. Em eventos, a situação fica mais difícil. Liege Xavier, proprietária da Barraca Santa Praia, crê que o maior preço pago também advém da insegurança. “Entregam um cartão como se pagar fosse algo obrigatório, como se a área fosse deles. Não custa dar um trocado, mas por livre e espontânea vontade, não por obrigação. É algo totalmente irregular”.
Os guardadores de carros justificam que a “colaboração” é voluntária. Ou seja, quem manda é o cliente. “Aqui não tem um valor. Ele paga o que quiser”, afirma um flanelinha que se identifica apenas como Jefferson. O apurado, segundo ele, varia de R$ 25 a R$ 40 por dia. Em eventos, no entanto, a história é outra. “Tive colegas que tiraram R$ 200 num único dia no Pré-Carnaval”.
Fonte: O Povo
Foto divulgação
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