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sábado, 18 de março de 2023

Mau sono pode causar de ansiedade a problemas cardíacos, alerta médico ceareanse

 

Foto Shutterstock 

“Um terço da sua vida você passa dormindo.” De slogan de colchões a textos motivacionais, a frase se tornou comum – mas está, dia a dia, mais ultrapassada. Médicos e pesquisadores já concluem: estamos dormindo cada vez menos.

Neste Dia Mundial do Sono, 17 de março, o Diário do Nordeste conversa com um médico especialista em Medicina do Sono para entender: o que tem tirado o nosso sono, quais os prejuízos de dormir mal e o que fazer para descansar de forma adequada?

Confira a entrevista completa com Manoel Alves Sobreira Neto, professor de neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do serviço de Medicina do Sono do Complexo Hospitalar da UFC.

DN - COMO O SONO, INSUFICIENTE OU EM EXCESSO, AFETA A SAÚDE FÍSICA? EXISTEM DOENÇAS CAUSADAS PELO “MAU SONO” FREQUENTE?

Dr. Manoel - Sono é uma função biológica essencial e necessária ao organismo. Todo ser humano precisa dormir para ter saúde de qualidade.Infelizmente, estamos vivendo uma era em que as pessoas dormem cada vez menos, por vários motivos.

A ausência de sono ou quantidade de sono reduzida, insuficiente, acarreta uma série de problemas no dia seguinte.

O indivíduo fica sonolento, irritado, desatento, com alterações cognitivas, dificuldade de memória. Eventualmente, pode haver alterações a longo prazo, como aumento da incidência de doenças cardiovasculares.

Estudos já mostram que indivíduos que dormem menos vivem menos.

DN - E QUAIS OS EFEITOS DO SONO À SAÚDE MENTAL?

Dr. Manoel - A relação entre sono e saúde mental é bidirecional: um influencia o outro de maneira negativa ou positiva. Indivíduos que dormem mal acabam tendo mais irritabilidade, piora de sintomas de ansiedade, dificuldade de manutenção da atenção.

Da mesma forma que quem tem problemas psiquiátricos não adequadamente tratados acaba tendo queixas de insônia – às vezes, o indivíduo não dorme porque está ansioso com várias questões da vida, isso leva à dificuldade para dormir.

DN - O QUE MAIS TEM AFETADO E PREJUDICADO O SONO DAS PESSOAS?

Dr. Manoel - Para ter um sono de qualidade, precisamos de duas questões: quantidade suficiente e qualidade adequada. Temos os dois problemas acontecendo.

As pessoas estão dormindo menos do que deveriam dormir, por questões sociais. Com o uso dos smartphones, redes sociais e streamings, a pessoa se ocupa muito no período noturno, utiliza inadequadamente a tela até muito tarde da noite.

No dia seguinte, tem que levantar para trabalhar, estudar, e isso leva a uma privação do sono. É um problema mundial.

Outra questão é que as pessoas, além de dormirem pouco, dormem mal. As doenças que provocam alteração na qualidade do sono são muito comuns, e às vezes não são adequadamente identificadas e tratadas.

Uma doença frequente é a apneia obstrutiva do sono, que leva a uma fragmentação do sono noturno, fazendo com que o indivíduo, mesmo dormindo tempo suficiente, se sinta cansado, fadigado, porque não conseguiu aprofundar o sono.

80 doenças, em média, são classificadas como “doenças do sono”.


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