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quinta-feira, 26 de setembro de 2019

"Eles estão perdendo tempo", diz secretário André Costa sobre ataques praticados por bandidos da facção GDE

“Tem um pequeno grupo de detentos trabalhando para um grupo criminoso especificamente e eles estão revoltados, querem o retorno das regalias, querem que volte a ter visita íntima, querem que volte a ter tomada na cela. Por conta disso, eles estão incomodados, estão fazendo essas ações nas ruas, pessoas ligadas a eles. Essa é a motivação”.

A declaração foi feita nesta terça-feira (24), pelo secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, delegado Federal André Costa, que falou pela primeira vez em público desde o recomeço dos ataques criminosos no estado. André repetiu o tom do governador Camilo Santana (PT) e do secretário da Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque, sobre a postura do estado diante de mais uma crise na segurança.

“Já foi determinado pelo governador Camilo Santana. Não vamos recuar um milímetro sequer. Não vamos voltar atrás. Eles (os criminosos que realizam os ataques) estão perdendo tempo. Não adianta nada o que estão fazendo. Não vai servir de nada o que estão fazendo no momento”, disparou.

Força Nacional

André Costa disse que com o trabalho de endurecimento das regas disciplinares dentro dos presídios, já foram confiscados cerca de 5,9 mil celulares. “Não vamos recuar”, repetiu.

A Secretaria da Segurança Pública do Ceará solicitou ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública a cessão de 200 rádios-comunicadores da Força Nacional de Segurança para serem utilizados pelas polícias Civil e Militar no trabalho de contenção dos ataques criminosos.

Ainda segundo o secretário, cerca de 15 pessoas foram detidas como suspeitas de envolvimento nos ataques. Já o governador falou em mais de 30.
 (Fernando Ribeiro)

Sobe para 14 as cidades do Ceará com ônibus queimados e ataques


Apesar das ações criminosas, Camilo Santana não pediu à União apoio da Força Nacional.
Subiu para 14 as cidades do Ceará que já sofreram ataques criminosos nessa onda de violência que desde sexta-feira (20) voltou a assustar a população. 

Já foram cerca de 65 atos, que tiveram incêndios a ônibus, caminhões, concessionária e ataque a prédios públicos e privados —42 suspeitos foram detidos e outros 21 adolescentes apreendidos.

Em janeiro, na primeira onda de ataques também atribuída a facções criminosas, foram 50 cidades atacadas em mais de 280 atos criminosos.

Por enquanto, o governo do Ceara não solicitou ao Ministério da Justiça a presença de agentes da Força Nacional de Segurança, como em janeiro nos primeiros ataques —foram 408 deslocados por 30 dias ao estado.

Mas já ocorreram duas conversas entre o governador Camilo Santana (PT) e o ministro Sérgio Moro e dois pedidos foram feitos e aceitos: liberação de vagas em presídios federais para lideranças de facções (dez ao menos) e envio de 200 radiocomunicadores para ajudar no contato dos agentes de segurança cearenses. 

A reportagem apurou que o governo cearense não descarta a solicitação da Força Nacional, mas apenas se os ataques se intensificarem. A avaliação nesse momento é que os agentes cearenses dão conta da prevenção e captura de suspeitos.

Duas pessoas tiveram ferimentos leves nos incêndios —uma mulher queimou os pés ao sair de um ônibus e um homem machucou a perna no ataque a um caminhão. Entre os adolescentes apreendidos um deles está em estado grave com 70% do corpo queimado —o hospital não informou o estado de saúde dele.

A população sofre principalmente com a falta de ônibus, já que as empresas reduziram a frota nos dois últimos dias, e com atraso ou até falta de coleta de lixo. 

Caminhões dessas empresas são dos principais alvos dos criminosos e muitos não saem das garagens. Nesta quarta (25), pontos e terminais de ônibus voltaram a ficar cheios pela manhã e ao final da tarde. Linhas com rotas consideradas mais perigosas continuam com escolta policial.

Só no início da noite desta quarta que 100% da frota de ônibus voltou a circular normalmente —as linhas noturnas terão apoio de PMs embarcados.

Nesta quarta houve ataques no interior, como um clube de tiro em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, ônibus em Maranguape e Várzea Alegre e um caminhão em Juazeiro do Norte.Na noite de terça (24), criminosos queimaram vegetação próxima ao estádio Arena Castelão, que no próximo final de semana receberá um dos mais famosos festivais de forró do estado.

A tentativa de atingir a gigante estrutura preparada para o show falhou com seguranças contratados pela empresa organizadora acionando a polícia. Oito suspeitos foram presos.

Em fevereiro, em entrevista à Folha, Santana disse que a presença da Força Nacional servia mais como efeito psicológico à população do que de prevenção de fato, já que recebeu pouco mais de 400 homens do governo federal contra os 29 mil que tem no Ceará.

O governo do Ceará atribuiu o movimento a membros de facções criminosas por motivo semelhante ao de janeiro: o endurecimento de regras em unidades prisionais. Ao menos 257 presos foram transferidos e isolados desde o início dessa nova onde de ataques.

Com informações Folha de S. Paulo.

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